Manifestantes do Senegal entram em confronto com a polícia após adiamento das eleições
Opositores acusam presidente de tentar se manter no poder após dois mandatos
Forças de segurança senegalesas entraram em confronto nesta sexta-feira (9) com centenas de manifestantes contrários ao adiamento da eleição presidencial. A ministra da Justiça rejeitou acusações de que a mudança de data é uma tentativa do governo de se manter no poder.
Menos de três semanas antes da eleição, marcada para o dia 25 de fevereiro, o Parlamento aprovou o adiamento do pleito para dezembro, selando a extensão do mandato do presidente, Macky Sall, algo que alimentou temores de que uma das democracias remanescentes da África Ocidental — região marcada por golpes de Estado — esteja sob ameaça.
Na capital do país, Dacar, a polícia usou gás lacrimogêneo, granadas de atordoamento e o que pareciam ser balas de borracha contra manifestantes, que queimaram pneus e atiraram pedras. Os atos são os mais emblemáticos até agora contra o adiamento, informou um repórter da Reuters.
Alguns manifestantes usavam bandeiras senegalesas, enquanto outros gritavam palavras de ordem como “Macky Sall é um ditador”.
O presidente, que já atingiu o limite constitucional de dois mandatos, afirmou que adiou o pleito devido a uma disputa sobre a lista de candidatos, o que poderia minar a credibilidade do processo eleitoral.
Alguns críticos o acusam de tentar se manter no poder. O bloco da África Ocidental e potências mundiais criticaram a medida.
“Senegal talvez nunca tenha experimentado uma crise como a que estamos vivenciando, e precisamos superá-la”, afirmou a ministra da Justiça, Aissata Tall Sall. “Precisamos acalmar nossos espíritos.”
Ela alega que o adiamento não é decisão do presidente, mas do Parlamento, e que recursos protocolados na Corte Constitucional estão fora de sua jurisdição.