Chefe do Instagram responde a questões sobre impacto da plataforma nas crianças
Rede social tem sido alvo de questionamento sobre a saúde mental das crianças e adolescentes
O chefe do Instagram, Adam Mosseri, deve depor pela primeira vez perante a subcomitê do Senado nesta quarta-feira, enquanto legisladores o interrogam sobre o impacto do aplicativo na saúde mental das crianças.
Mosseri é a figura mais conhecida da Meta, a empresa anteriormente conhecida como Facebook, a depor perante membros do Congresso desde que a denunciante do Facebook, Frances Haugen, vazou centenas de documentos internos.
Alguns desses arquivos mostraram que a empresa sabia como o Instagram pode prejudicar a saúde mental e a imagem corporal, especialmente dos adolescentes.
“Depois de relatos bombásticos sobre os impactos tóxicos do Instagram, queremos ouvir diretamente da liderança da empresa por que ele usa algoritmos poderosos que enviam conteúdo venenoso para crianças, levando-as para uma emboscada, e o que fará para tornar sua plataforma mais segura”, disse o senador Richard Blumenthal, que preside o Subcomitê de Proteção ao Consumidor, Segurança de Produtos e Segurança de Dados, em um comunicado.
Blumenthal já havia convocado Mosseri ou o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, para responder questões sobre o impacto do Instagram nas crianças.
Mosseri argumentará que a plataforma trabalha há muito tempo para assegurar o bem-estar de seus usuários adolescentes e mostra apoio à regulamentação governamental das mídias sociais no que diz respeito às crianças, de acordo com seus comentários prévios.
“Além de garantir que os jovens estejam seguros no Instagram, acreditamos que é importante apoiar os usuárops que estão enfrentando problemas com a saúde mental e o bem-estar”, disse Mosseri nos comentários.
“Às vezes, os jovens vêm para o Instagram lidando com coisas difíceis em suas vidas. Eu acredito que a rede social pode ajudar muitos deles nesses momentos.”
Ele também deve citar estudos internos para apoiar essa declaração e destacar como o Instagram se apoia em organizações e especialistas externos para informar as mudanças em seus aplicativos.
“Nos preocupamos profundamente com os adolescentes no Instagram, e é por isso que pesquisamos coisas complexas como bullying e comparação social para fazermos mudanças”, afirmam os comentários.
Antes da audiência desta semana, o Instagram lançou uma nova ferramenta chamada Take a Break (dar um tempo, na tradução), que tenta encorajar os usuários a ficarem algum tempo longe da plataforma depois de terem rolado a tela por um determinado período.
A empresa também disse que adotará uma “abordagem mais rígida” com relação ao conteúdo que recomenda aos adolescentes e os direcionará ativamente para diferentes tópicos, como arquitetura e destinos de viagem, se eles estiverem se concentrando em algo —qualquer tipo de conteúdo — por muito tempo.
Além disso, a rede social está testando um novo centro educacional para pais e uma ferramenta que permite que eles vejam quanto tempo seus filhos passam no Instagram e estabeleçam limites de uso.
O Facebook tentou desacreditar Haugen e disse que o depoimento no Congresso e relatórios sobre os documentos descaracterizam as ações da empresa.
Mas o peso das divulgações de Haugen pressionou a companhia a repensar o lançamento de uma versão infantil do Instagram para crianças menores de 13 anos.
As divulgações também ajudaram a impulsionar uma série de audiências no Congresso sobre como os produtos de tecnologia impactam as crianças, apresentando executivos do Facebook, TikTok e a controladora do Snapchat, Snap, e agora, Instagram.
Em setembro, os legisladores realizaram uma audiência com a chefe de segurança global do Facebook, Antigone Davis, onde as autoridades a interrogaram sobre os efeitos do Instagram nas crianças.
Ainda que Davis tenha dito que a empresa estava “procurando maneiras de lançar mais pesquisas” — algo que, segundo ela, poderia dar uma imagem diferente à plataforma — foi criticada por não concordar em liberar mais informações internas sobre a rede social.
Membros do Congresso mostraram raro bipartidarismo ao criticarem empresas de tecnologia sobre o assunto. Alguns legisladores estão fazendo pressão por uma lei destinada a aumentar a privacidade online das crianças e reduzir a aparente dependência das várias plataformas. Apesar disso, não está claro quando ou se tal legislação será aprovada.
(Texto traduzido. Leia aqui o original em inglês.)