Quem é Simone Tebet, primeira mulher na disputa eleitoral à Presidência em 2022
Senadora do MDB, que foi a primeira mulher a colocar seu nome para a disputa, já foi deputada estadual, prefeita de Três Lagoas e vice-governadora do MS
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi uma das candidatas à Presidência nas eleições de 2022. Primeira mulher a se colocar na disputa do pleito, quando anunciou sua pré-candidatura ainda em dezembro de 2021, ficou em terceiro lugar na corrida eleitoral, com 4.915.423 de votos válidos.
No segundo turno, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela Presidência, Tebet declarou apoio ao candidato petista, participando ativamente da campanha de Lula.
“O que está em jogo é muito maior do que cada um de nós. Votarei com a minha consciência e a minha razão, e a minha consciência me diz que omitir-me seria trair a minha trajetória de vida pública. […] Há um Brasil a ser imediatamente reconstruído e um povo a ser reunido. Nos últimos quatro anos, o Brasil foi abandonado na fogueira do ódio e das desavenças”, disse Tebet oficializar o apoio.
Ao lado da sua vice, a também senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), Tebet integrou a primeira chapa entre partidos com representatividade no Congresso formada integralmente por mulheres na história das eleições para presidente do Brasil.
Representando a terceira via, Simone Tebet contou com a aliança do PSDB e Cidadania, partidos que chegaram a lançar João Doria (PSDB-SP) e Alessandro Vieira (à época no Cidadania) como candidatos próprios ao Planalto.
Trajetória política
Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Simone Tebet é natural de Três Lagoas (MS) e é fruto da política local.
A senadora teve como principal auxiliador político o pai, Ramez Tebet, que foi governador do estado do Mato Grosso do Sul, prefeito de Três Lagoas e também senador da República.
Antes de concorrer a um mandato eletivo, Tebet atuou por 12 anos como professora universitária em universidades diversas, como a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Também foi consultora técnica jurídica e diretora técnica legislativa da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.
Tebet foi eleita primeiramente como deputada estadual do MS, onde atuou entre 2002 e 2004. Decidiu concorrer às eleições à Prefeitura de Três Lagoas em 2004, sendo a primeira mulher eleita para o cargo com cerca de 66% dos votos. Conseguiu a reeleição à Prefeitura em 2008.
Nas eleições de 2010, foi eleita como vice-governadora do Mato Grosso do Sul na chapa de André Puccinelli (PMDB), cargo no qual permaneceu até 2015.
Senado
Tebet saiu do Executivo estadual para assumir como senadora do Mato Grosso do Sul. Seu mandato vai até janeiro de 2023.
Com atuações em diversas comissões ao longo dos anos como senadora, Tebet concorreu, em 2019, dentro da bancada do MDB para disputar a presidência do Senado, mas o nome escolhido foi o de Renan Calheiros (MDB-AL) – que atualmente apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial.
No mesmo ano, Tebet foi eleita como a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, posto que exerceu até o fim de 2020.
Em 2021, a atuação de Tebet na CPI da Pandemia junto a outras senadoras que lutaram por uma cadeira para as mulheres na investigação destacou-a a nível nacional, mesmo com episódios marcados pelas denúncias de machismo no ambiente masculino do Senado.
Em setembro do ano passado, a sessão da CPI que ouvia o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, estava se encaminhando para o final quando ele chamou Tebet de “descontrolada” após um questionamento da senadora sobre suspeitas do contrato de compra da vacina Covaxin.
O ataque sofrido por uma das mais ativas parlamentares na CPI teve destaque na cobertura da imprensa naquela semana.
Desistências da terceira via
Ao longo de 2022, Tebet se firmou como uma candidata da “terceira via”, contando com a desistência de vários nomes frente à polarização apresentada em pesquisas de intenção de voto entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além de Doria, outros nomes surgiram como pré-candidatos e deixaram a corrida ao longo dos meses: o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o também senador Alessandro Vieira (PSDB), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) e o ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB).
Apesar do apoio desses partidos, Simone Tebet chegou a ser contestada por nomes do próprio MDB que defendiam que o partido deixasse de ter um nome próprio na disputa em prol da candidatura do ex-presidente Lula.
Uma ala do MDB chegou a entrar na Justiça, em julho, para tentar anular a convenção do partido que confirmou a candidatura da senadora. No mesmo mês, lideranças de 11 diretórios da legenda declararam apoio a Lula em evento com o petista. A senadora já classificou a ofensiva como uma “puxada de tapete”.
No entanto, com a defesa de lideranças do partido como o presidente Baleia Rossi e o ex-presidente Michel Temer, seu nome foi aprovado pelo diretório nacional.
Fotos – Todas as mulheres candidatas à Presidência do Brasil
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Lívia Maria (PN), em 1989, foi a primeira candidata a presidente; ela ficou na 16ª colocação, com 0,26% dos votos válidos, no pleito que terminaria com vitória de Fernando Collor (PRN) no segundo turno • Reprodução
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Thereza Ruiz (PTN), em 1998, foi a segunda a concorrer. Ela obteve 0,25% dos votos válidos. Ela ficou na 10ª colocação em uma disputa de 12 candidatos - o vencedor foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), reeleito no primeiro turno • Reprodução
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Em 2006, a então senadora Heloísa Helena (PSOL) foi a primeira mulher a romper a barreira de 1 milhão de votos - ela, na verdade, conseguiu o voto de 6.575.393 dos eleitores (6,85% dos votos válidos) e ficou em terceiro lugar na eleição que seria vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reeleito no segundo turno • JOEDSON ALVES/ESTADÃO CONTEÚDO
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As eleições de 2006 também marcaram a primeira chapa 100% feminina da história das eleições brasileiras. A cientista política Ana Maria Rangel, candidata a presidente, e a advogada Delma Gama, candidata a vice, formaram a chapa do PRP e receberam 0,13% dos votos válidos • Reprodução
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Em 2010, Dilma Rousseff (PT), candidata do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi a primeira mulher presidente na história do Brasil. No segundo turno, a petista recebeu 58,99% dos votos válidos e venceu o pleito contra José Serra (PSDB), conquistando a reeleição quatro anos depois, dessa vez contra Aécio Neves (PSDB). Dilma acabou sofrendo impeachment em 2016
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Marina Silva, então senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, concorreu pela primeira vez em 2010, repetindo a dose em 2014 e 2018, sempre por partidos diferentes. Pelo PV, ela ficou em terceiro em 2010 (19.33% dos votos válidos), e terminou na mesma posição em 2014, agora pelo PSB, com 21,32%. Em 2018, pelo partido que ajudou formar, a Rede, ficou na oitava posição (1% dos votos válidos) • Victor Moriyama/Getty Images
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O pleito de 2014 também teve a participação feminina de Luciana Genro (PSOL) - a terceira presidenciável naquele ano. Luciana foi a quarta colocada no primeiro turno, atrás de Dilma, Aécio e Marina, com 1,55% dos votos válidos • JF DIORIO/ESTADÃO CONTEÚDO
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Candidata a presidente em 2022, Vera Lúcia (PSTU) já havia tentando o mesmo cargo em 2018, na chapa "puro sangue" com Hertz Dias - a dupla ficou em 11º lugar entre 13 candidatos, com 0,05% dos votos válidos. Nas eleições de 2022, ela formará chapa 100% feminina com a indígena Kunã Yporã (Raquel Tremembé), da etnia Tremembé, do Maranhão • Romerito Pontes/Divulgação
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A senadora Simone Tebet (MDB) foi confirmada candidata à Presidência e, dias depois, anunciou outra senadora, Mara Gabrilli (PSDB), como sua vice. É a primeira chapa 100% feminina da história de partidos que têm representação no Congresso • 25/05/2022REUTERS/Adriano Machado
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Sofia Manzano (PCB) foi a décima candidata à Presidência da história do Brasil. Ela concorrerá tendo como vice o jornalista Antonio Alves, também do PCB • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
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Senadora Soraya Thronicke (MS) foi confirmada pelo União Brasil como a 11ª candidata à Presidência da história do Brasil; seu nome para vice é o economista Marcos Cintra, do mesmo partido • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO