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    Nível de represas precisa dobrar em 2022, mas chuvas geram confiança, diz ONS

    Chuvas começaram dentro do previsto no período úmido de 2021, diferentemente do que ocorreu no ano anterior

    Rodrigo Viga Gaierda Reuters

    O nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste, onde estão localizadas as principais hidrelétricas brasileiras, praticamente terá de dobrar até o final do período úmido, em abril de 2022, para o país voltar a registrar algum alívio em termos energéticos, e isso é possível, disse à Reuters o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.

    Segundo o chefe do Operador Nacional do Sistema Elétrico, após o pior período úmido em mais de 90 anos na área das hidrelétricas, as chuvas começaram dentro do previsto, diferentemente de 2020.

    Para novembro, por exemplo, o ONS prevê chuvas acima da média no Sudeste/Centro-Oeste, além de precipitações em 89% da média histórica no Nordeste, outra importante região de hidrelétricas, disse o órgão nesta sexta-feira (12).

    Atualmente, o nível das represas das regiões Sudeste/Centro-Oeste está em cerca de 18,5%. O ideal, de acordo com Ciocchi, é que as chuvas que começaram agora possam elevar o patamar para perto de 35%.

    “Com a chuva que já chegou, unidade do solo, mesmo que a gente projete as chuvas de 2020/2021, que foram as piores da história, a gente chegaria (em abril) em 35%, estourando 40% (no Sudeste/Centro-Oeste)”, destacou ele.

    “Esse seria um nível que a gente atravessa o ano de 2022 como esse aqui. Com cautela, cuidado e consegue”, disse ele, destacando que esse nível evitaria qualquer risco de racionamento de energia.

    Apesar de o nível das represas terem que dobrar até abril, Ciocchi estima isso seja viável.

    “Se a gente chegar nos 35%, vai estar bom… e é possível sim… do ponto de vista técnico, entraremos em 2021/2022 com muito mais confiança do que 2020/2021”, reforçou ele.

    As chuvas em janeiro serão importantes para melhorar a situação dos reservatórios, destacou ele, notando que por ora é difícil fazer previsões certeiras para o primeiro mês do ano.

    Custos

    Para bancar os custos de acionamento de mais térmicas para garantir o suprimento de energia, o governo criou a bandeira de escassez hídrica prevista para ficar em vigor até abril do ano que vem.

    Segundo Ciocchi, não há a menor perspectiva de se abandonar a nova bandeira.

    Ciocchi sinalizou, contudo, que se as chuvas vierem dentro ou acima das expectativas, as térmicas mais caras serão desligadas, diminuindo a pressão de custos sobre a energia.

    A conta da bandeira tarifária tem sido deficitária, apesar do aumento tarifário, e o setor tem negociado com o governo um pacote ao setor elétrico que incluiria financiamentos de bancos que podem chegar a até R$ 15 bilhões, segundo publicou a Reuters anteriormente.

    Recuperação

    O diretor-geral do ONS afirmou que depois da maior crise hídrica em mais de 90 anos será preciso um projeto de dois a três anos para recuperar o nível das represas do país.

    “Não dá para replecionar reservatórios com uma única estação chuvosa. Esse é um programa a ser mantido e trabalhar isso por dois, três anos. Tem um imponderável enorme porque não se sabe quanto de água que vem”, frisou Ciocchi.

    Essa recuperação dos reservatórios, disse ele, não será feita a qualquer preço ou custo. Ciocchi afirmou que não se pode pensar em “encher reservatórios com térmicas que custam 2.400 reais por megawatt hora”.

    Redução voluntária

    O Operador Nacional do Sistema Elétrico suspendeu esta semana o recebimento de ofertas no programa de redução voluntária do consumo de energia elétrica, que envolveu grandes consumidores de energia e outros agentes, como uma das formas de o governo lidar com a crise hídrica.

    Isso ocorreu após a melhora das condições hidroenergéticas e com a efetividade dessas ações emergenciais, disse o diretor.

    A medida, no entanto, não exclui a possibilidade da retomada das ações em 2022, caso seja identificada a necessidade de recursos adicionais para atendimento à demanda por energia elétrica no país.

    A suspensão foi alvo de críticas, mas o diretor do ONS afirmou que elas são infundadas.

    Segundo Ciocchi, neste momento, não é preciso de energia de ponta, foco do programa de redução de demanda voluntária.

    “Esse programa era para ponta, para aqueles 15 ou 30 minutos que você precisa de 500 MW a mais para não ter problema. Ele foi bem-sucedido e utilizado, mas quando você não precisa, acabou”, disse ele.

    Ele explicou que não se pode comparar o preço de uma térmica com a resposta da demanda. “Comparar isso é comparar laranjas com melancia. Uma coisa é pagar caro por uma energia para todo o mês, outra coisa é uma potência num dia de 17h00 às 17h30, por exemplo. Não tem essa de usar um recurso mais caro e deixando de lado um mais barato”.

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