Entenda por que ocorrem tantos terremotos no Japão
Terremoto de magnitude 7,5 atingiu no oeste do país nesta segunda-feira (1º)
O ano de 2024 no Japão começou com um terremoto de magnitude 7,5 no oeste do país, que gerou ondas de tsunami e danos a estradas, energia, serviços de transporte e infraestrutura.
O terremoto, que ocorreu cerca de 42 quilômetros a nordeste de Anamizu, na província de Ishikawa, é “de longe o maior terremoto” o que os habitantes do oeste do Japão sentiram, de acordo com Susan Hough, sismóloga do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Hough disse que os tremores secundários deste terremoto podem durar meses. “Você poderia facilmente ter tremores secundários de magnitude superior a seisth, então eles seriam um perigo em si”, acrescentou.
Terremotos como o registrado na última segunda-feira (1º) são historicamente comuns no Japão por diversos motivos, entre os quais se destaca: a sua localização geológica.
Por que ocorrem tantos terremotos no Japão?
O Japão é considerado um dos países com maior atividade sísmica do mundo, conforme indicado pela embaixada e consulados dos Estados Unidos no Japão.
Isto, consequentemente, torna a nação do Sol Nascente um local muito propenso a terremotos de todos os tipos de intensidade.
Mas por que existem tantos terremotos? Isto acontece basicamente porque o Japão está localizado numa área sísmica muito ativa, cita o USGS.
Esta área sísmica na qual o Japão está localizado é chamada de “Anel de Fogo”, que se situa nas costas do Oceano Pacífico e “caracteriza-se por concentrar algumas das zonas de subducção mais importantes do mundo, o que provoca intensa atividade sísmica e vulcânica no território que abrange”, segundo à Universidade Autônoma de Nuevo León (UANL).
O Serviço Geológico do Japão menciona que o país está localizado ao longo de zonas de subducção, o que causa “muitas ocorrências de terremotos todos os anos”.
De acordo com o Serviço Geológico Mexicano (SGM), uma zona de subducção é aquela onde duas placas tectônicas colidem movendo-se em direções opostas. Destas duas placas, a mais densa passa por baixo da menos densa. Este movimento produz colisões entre ambas as placas e libera energia que se traduz, entre outras coisas, em terremotos.
No caso do Japão, a placa mais densa é a placa do Pacífico e passa sob a placa menos densa, que são as ilhas que constituem o território japonês, comenta a Dra. Liz Cottrell, geóloga do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, nos Estados Unidos.
“A placa do Oceano Pacífico está afundando sob as ilhas do Japão. A força da união destas duas placas gera terremotos em toda esta área. Às vezes, essas placas tectônicas podem deslizar umas sobre as outras com bastante calma, gerando apenas pequenos tremores. Mas às vezes partes dessa área ficam bloqueadas. Eles não deslizam juntos. O estresse aumenta nesta fronteira ao longo do tempo e eventualmente é liberado em um grande (terremoto) e ocorre uma ruptura”, observa Cottrell em um vídeo de 2011 explicando o terremoto daquele ano.
Zonas de subducção como as que cercam o Japão são formadas por duas placas oceânicas que, ao colidirem, além de terremotos e atividade vulcânica, também formam buracos no fundo do oceano que são chamados de “trincheiras” ou “trincheiras oceânicas”, diz o SGM.
É por isso que na imagem acima do Anel de Fogo vemos os nomes de diversas trincheiras, por ser uma característica clássica das zonas de subducção.
Um artigo de 2015 publicado na revista acadêmica “Philosophical Transactions of the Royal Society A” observa que terremotos de magnitude superior a 8 ocorrem repetidamente em zonas de subducção ao redor do Japão.