Empresas de tecnologia usam mercado de dívidas para fomentar negócios, diz analista
Em entrevista à CNN, Raphael Figueredo, da Eleven Reserach, comentou sobre o comportamento das ações das empresas de tecnologia nesta segunda-feira, impactadas não apenas pela queda dos serviços do Facebook
Em um dia cheio, como a queda dos serviços do Facebook, as bolsas no Brasil e nos Estados Unidos fecharam em baixa nesta segunda-feira (4), puxada, principalmente, pelas ações das empresas de tecnologia, nos Estados Unidos, e pelas varejistas online aqui no Brasil.
As ações do Facebook, listadas na Nasdaq, em Nova York, caíram mais de 5% na tarde desta segunda-feira (4), em um dia em que as páginas e aplicativos do grupo saíram do ar em todo o mundo e também em meio a quedas generalizadas no setor de tecnologia.
O analista da Eleven Research, Raphael Figueredo, explicou à CNN o que levou a esse movimento, começando pela relação entre a taxa de juros e as empresas de tecnologia.
“A relação das taxas de juros com as empresas de tecnologia é porque elas utilizam muito do mercado de dívidas para fomentar os seus negócios. Como dizemos no mercado, são empresas altamente alavancadas. À medida que a curva de juros começa a apontar para cima, isso interfere no próprio modelo de negócios da companhia e, por fim, seu valor acaba ficando menor. O aumento da taxa de juros afeta indiretamente o valor das companhias e, portanto, os investidores acabam vendendo as ações”, afirmou o analista.
A queda nas ações das chamadas big techs nesta segunda-feira, segundo Figueredo, é uma fotografia combinada com um filme de diversos fatores, que impulsionaram as vendas das ações.
O principal, diz ele, é a trajetória da inflação, não só do Brasil, como no mundo, motivada por escassez de produtos, desaceleração na China, retorno das atividades econômicas globalmente, por exemplo, que acabam impactando na inflação.
Para mudar esse cenário, explica o analista, se tem uma trajetória de juros para cima, com banco central promovendo uma redução de estímulos. “Hoje tivemos uma tempestade perfeita para uma venda [de ações] a nível global”.
Raphael Figueredo incluiu ainda, entre os fatores que impactam no comportamento do mercado, a crise energética da China.