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    Conheça a doninha malhada, a ‘ginasta’ do mundo dos gambás

    Espécie pode ser encontrada em toda a América do Norte; quando ameaçados, estes pequenos animais se apoiam sobre as patas dianteiras em uma parada de mão digna de atleta

    Ashley Stricklandda CNN

    À primeira vista, você pode pensar que todos os gambás são iguais. Mas não é assim.

    Veja o caso, por exemplo, das doninhas malhadas, “as ginastas do mundo dos gambás”. Os cientistas confirmaram recentemente que existem mais espécies desse tipo específico de gambá (ou doninha) do que pensavam, de acordo com novas pesquisas.

    Até pouco tempo atrás, acreditava-se que eram quatro tipos. Mas um novo estudo publicado nesta quarta-feira (1º) na revista Molecular Phylogenetics and Evolution nomeou sete espécies desses gambás pintados.

    “A América do Norte é um dos continentes mais estudados em termos de mamíferos, e os carnívoros são um dos grupos mais pesquisados entre todos”, disse o autor do estudo, Adam Ferguson, gerente das coleções de mamíferos Negaunee no Field Museum em Chicago. “Como todo mundo acha que sabemos tudo sobre a sistemática dos carnívoros mamíferos, ser capaz de redesenhar a árvore genealógica da família do gambá é muito emocionante”.

    As doninhas malhadas (Spilogale gracilis) são parentes menores do gambá listrado comum. Do tamanho de um esquilo, esses carnívoros esquivos vivem em toda a América do Norte. Quando precisam assustar um predador, esses animais pequeninos fazem uma parada de mão e chutam as patas traseiras. Um movimento digno de um ginasta.

    “Quando estão estressadas, elas saltam sobre os membros anteriores e, em seguida, chutam os membros posteriores para cima, estufam o rabo e podem até caminhar em direção ao predador, parecendo maiores e mais assustadoras”, contou Ferguson.

    Em seguida, elas normalmente voltam à posição sobre as quatro patas para mirar e controlar seu spray de fedor. A pequena estatura também não faz com que essas criaturas desistam de uma luta.

    Um estudo lançado em 2013 incluiu um vídeo de uma doninha malhada ocidental de pé e enfrentando um leão da montanha sobre uma carcaça de veado. Para se ter uma ideia do destemor, doninhas malhadas normalmente pesam menos de 900 gramas.

    Uma doninha malhada faz sua parada de mão característica / Jerry Dragoo

    Para o especialista, esse é apenas mais um exemplo de sua ousadia, algo que ele admira nos gambás em geral.

    Embora o gambá listrado comum seja facilmente visto nas áreas urbanas da América do Norte, bem como em seus habitats naturais, as doninhas malhadas não fizeram a mesma incursão e, portanto, permanecem quase sempre fora de vista. Essas criaturas “ecologicamente enigmáticas” vivem em ambientes densos e áreas remotas e parecem menos adaptáveis à urbanização do que suas contrapartes maiores e listradas.

    Devido à sua agilidade, as doninhas malhadas são ótimas escaladoras e muito mais carnívoras do que os outros gambás, alimentando-se de ovos de pássaros, lagartos, cobras e roedores. O corujão orelhudo é seu principal predador.

    O fato dessas acrobatas serem tão boas em se manter discretas as torna mais difíceis de estudar. Desde a descoberta da primeira doninha malhada em 1758, os cientistas questionam quantas espécies existem. Ao longo dos anos, as diferenças observadas entre alguns desses gambás levaram os pesquisadores a acreditar que havia algo entre duas e 14 espécies.

    Para determinar que existem sete espécies, foi preciso analisar os dados genéticos das doninhas. Mas, primeiro, Ferguson precisava de espécimes para estudar. Capturar gambás não é o trabalho mais fácil – o especialista em gambás e seus colegas fizeram seis viagens ao México enquanto pesquisavam doninhas malhadas e não conseguiram pegar nenhuma. Além disso, quando alguém consegue pegar uma, é provavelmente pulverizado com o spray malcheiroso.

    “Chamamos isso de cheiro de sucesso porque significa que realmente encontramos uma, que é o objetivo final”, contou Ferguson.

    O especialista se inspirou nos antigos cartazes de “Procura-se” e distribuiu vários pelo estado do Texas, sobretudo em lojas de ração e áreas frequentadas por agricultores e caçadores. Os cartazes descreviam a busca por qualquer doninha malhada que pudesse ter sido presa em armadilha ou encontrada atropelada e mostrava fotos das criaturas.

    Os pesquisadores se ofereceram para pegar os espécimes e armazená-los em um “freezer de gambás” específico.

    Eles também confiaram nos espécimes de coleções de museus, que incluíam doninhas encontradas na América Central e na Península de Yucatán, no México. No final, conseguiram 203 espécimes de doninhas malhadas para extrair o DNA e usar no estudo. Os dados genéticos revelaram que alguns dos gambás, antes considerados da mesma espécie, eram na verdade muito diferentes.

    Um cartaz de “Procura-se” pede que espécimes de gambás atropelados sejam usadas na pesquisa / Adam Ferguson

    “Eu consegui extrair DNA de amostras centenárias de museus e foi muito emocionante ver de quem esses indivíduos eram parentes. Um deles era uma espécie atualmente endêmica e não reconhecida no Yucatán”, disse outra autora do estudo, Molly McDonough, professora de biologia da Universidade Estadual de Chicago e pesquisadora associada do Field Museum.

    Uma das novas espécies reveladas no estudo é a doninha malhada de Yucatán, que tem o tamanho de um esquilo e só é encontrada na península mexicana. Os cientistas também descrevem a doninha malhada das planícies, cuja população vem diminuindo no último século e foi considerada uma espécie em extinção.

    “O estudo não teria sido possível sem os espécimes do museu que tínhamos. A única razão pela qual conseguimos obter sequências de Yucatán foram espécimes de museu coletados 60 ou 70 anos atrás”, explicou Ferguson.

    Como as doninhas se reproduzem

    Compreender as espécies individuais de gambás pode ajudar os cientistas a aprender mais sobre algo exclusivo dessas criaturas: sua biologia reprodutiva. As doninhas malhadas podem se reproduzir no outono, mas não dão à luz até a primavera. Em outras palavras, seu sistema reprodutivo atrasa propositalmente a implantação do óvulo dentro do útero.

    “O processo fica suspenso por um tempo. Queremos saber por que algumas espécies atrasaram a implantação e outras não, e descobrir como essas diferentes espécies de gambás evoluíram pode nos ajudar no estudo”.

    Os gambás percorreram um longo caminho desde que apareceram pela primeira vez no registro fóssil, há 25 milhões de anos, evoluindo e se dividindo em diferentes espécies e respondendo à mudança climática causada pela idade do gelo.

    Saber mais sobre as doninhas pintadas também pode ajudar nos esforços de conservação para proteger esses animais. Os gambás têm seu próprio papel no ecossistema, consumindo frutas e defecando sementes que ajudam na dispersão das plantas, além de atacar pragas e roedores nas plantações.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

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