PF questiona Otoni de Paula sobre Sérgio Reis e financiamento de protestos
Deputado disse à CNN que depoimento foi ‘perda de tempo’ e negou envolvimento com grupos de protestos ou financiamento desses atos
A Polícia Federal ouviu nesta segunda-feira (30) o deputado federal Otoni de Paula (PSC). O depoimento foi realizado dez dias depois de agentes da PF terem cumprido mandados de busca e apreensão na casa e no escritório do parlamentar em Brasília. Ele foi questionado sobre o financiamento de atos e a participação em grupos que supostamente organizam atos que atentam contra a democracia. Também foi perguntado sobre a relação com outros investigados nesse mesmo processo, como o cantor Sérgio Reis.
A CNN teve acesso à íntegra do depoimento. Nele, o deputado nega que tenha financiado itens como cartazes, faixas, camisetas, ônibus, comunicação, gasolina, cozinha comunitária e banheiro químico para atos de protestos que pretendessem destituir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado, que é pastor evangélico, também foi questionado sobre a participação em grupos como “Marcha da Família Cristã Pela Liberdade”, “Coalizão Pró-Civilização Cristã” e “Movimento Pró-Brasil”. Ao negar, ele disse, no entanto, que “como participa de dezenas, quase 80, grupos de WhatsApp, pode ser que, eventualmente, haja pessoas que fazem parte desses movimentos e que estejam em algum desses grupos”.
A PF ainda questionou Otoni sobre a ligação com pessoas como o cantor Sérgio Reis, o líder caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como “Zé Trovão”, e o presidente da Aprosoja, Antônio Galvan, alvos da mesma operação, além de coronéis reformados da PM e dos Bombeiros de Pernambuco. De Paula disse que não tem “qualquer relação pessoal ou profissional” com essas pessoas.
“Eles queriam saber se eu tenho algum envolvimento, se eu comprei botijão de gás, se aluguei ônibus, se financiei faixas… muito mais que a minha palavra eles podem investigar minha conta bancária”, disse o deputado Otoni de Paula à CNN depois do depoimento que durou pouco menos de duas horas.
Ele ainda explicou que está sem o notebook e o telefone, apreendidos na operação, e declarou que entregou a senha à PF. Os advogados preparam um recurso pra que ele tenha os aparelhos devolvidos e as redes sociais desbloqueadas. “Estou desafiando o ministro Alexandre de Moraes e a subprocuradora Lindôra [Araújo] a provar qualquer fala, qualquer escrito e qualquer pronunciamento que eu tenha feito que tenha atentado contra a democracia. Só me prove isso que eu renuncio meu mandato”, completou ele.