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    Inadimplência de produtor rural é menos da metade do índice geral, diz Serasa

    Serasa aponta que os bons resultados do agronegócio colaboram para que o índice de pessoas com dívidas atrasadas seja menos da metade da população geral (37,7%)

    Por Roberto Samora, da Reuters

     A taxa de inadimplência do produtor rural brasileiro soma 15,9%, mostrou pesquisa inédita da Serasa Experian em importantes Estados agrícolas do país, apontando que os bons resultados do agronegócio colaboram para que o índice de pessoas com dívidas atrasadas seja menos da metade da população geral (37,7%).

    O resultado do estudo deve colaborar para processo de melhora do “score” de crédito da população do campo, que ainda sofre com os efeitos da falta de dados sobre a sua capacidade de pagamento, como limites de financiamento e juros não compatíveis com o perfil de risco.

    “O estudo revela o bom momento econômico que o setor agro tem vivido, não só este ano, praticamente desde o final de 2018, com aumento de preços de commodities no mercado internacional”, afirmou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, ao antecipar a publicação da pesquisa à Reuters.

    “Isso tem proporcionado um crescimento desse setor praticamente ao largo do que tem acontecido com o resto da economia”, acrescentou, destacando que a pesquisa envolveu produtores das mais variadas faixas de rendas, incluindo agricultores familiares e assentados.

    Entre sete Estados pesquisados, o indicador apurado em uma amostra de 95 mil produtores rurais mostrou que o Rio Grande do Sul tem a menor taxa de inadimplência no setor (11,3%), seguido pelo Paraná (13,5%), enquanto os respectivos índices gerais desses Estados são de 35,2% e 37,1%.

    Em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, o índice de inadimplência do produtor rural é de 23,5%, enquanto o geral é mais que o dobro (47,7%).

    “Quem trabalha neste setor (agropecuário) tem conseguido gerar renda, e essa renda obviamente é a sua capacidade de pagamento, e o percentual de inadimplência acaba sendo menor do que o indivíduo médio que não é produtor rural”, ressaltou o economista da Serasa.

    O padrão quase que se repete em Goiás (28% da inadimplência para agricultor versus 40,2%), Mato Grosso do Sul (16,1%, ante 41,8%) e Santa Catarina (17,5%, contra 32,2%).

    A exceção ficou para o Tocantins, onde o índice de dívidas atrasadas é maior entre produtores rurais (43,4% versus 41,5%), o que seria em função de rendimentos mais baixos de agricultores nesse Estado em relação a outras regiões.

    A pesquisa, realizada em junho em parceria com Ibope Inteligência e o Instituto Paulo Montenegro, mostrou ainda que entre os inadimplentes o índice é mais alto entre aqueles que ganham entre 2 mil e 4 mil reais (taxa de 18,4% de inadimplência) e mais baixo entre aqueles com rendimentos acima de 10 mil reais (12,2% de inadimplência).

    Aqueles com mais de 60 anos são os que menos deixam de honrar seus compromissos financeiros (14,1%), enquanto os que mais devem são aqueles na faixa entre 31 a 40 anos (20,7%), apontou a Serasa que tem crescido sua atuação no agronegócio após fechar neste ano contratos com indústrias e exportadores de grãos e de café para implementar sistemas de monitoramento de vendas antecipadas de agricultores.

    Redução de risco 

    A Serasa, que comercializa informações de crédito e modelos de “score” aos bancos, avalia que um índice de inadimplência de 15,9%, de menos da metade da população geral, deveria espelhar uma melhor pontuação dos agricultores.

    Com os resultados da pesquisa em mãos, a Serasa agora buscará levantar outros dados sobre a produção e propriedade rural e o nível de endividamento do agricultor para formar a nota de risco.

    “O que estamos fazendo agora é criar um novo tipo de ‘score’, o ‘agriscore’, que leve em consideração o que é importante para ele ser percebido por quem concede crédito”, disse o diretor do DataLab e responsável pelas ações voltadas ao agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta.

    Em momento em que agrifintechs ampliam a oferta de crédito, ainda altamente concentrada em poucos grandes bancos, as informações sobre o perfil de risco dos produtores também devem ajudar na diversificação do financiamento, acrescentou Pimenta.

    Isso pode colaborar para uma queda da taxa de juros para o tomador, “uma redução com segurança, embalada em modelagem probabilística e estatística sobre a capacidade de pagamento das pessoas”, acrescentou Rabi.

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