Gilmar Mendes critica argumentos contra urna eletrônica: ‘conversa fiada’
Em debate ao lado do presidente da Câmara, o decano do STF voltou a criticar o voto impresso e defendeu o semipresidencialismo
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, voltou a defender o sistema eletrônico de votações e criticou os argumentos contra a confiabilidade no processo. “Vamos parar um pouco de conversa fiada. Claro que todos nós somos favoráveis à audibilidade da urna, e ela é auditável”, argumentou o ministro.
O decano do STF defendeu que o comprovante de votação impresso não elimina a possibilidade de fraude apontada pelos defensores da mudança. “Nós só chegamos ao voto eletrônico pela experiência com problemas no voto manual. Se o problema está na urna eletrônica, por que não voltar ao voto manual como um todo?”, ironizou o magistrado.
As declarações foram dadas em uma transmissão online nesta sexta-feira (30) organizada pelo Consultor Jurídico. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), também participou do evento e disse ter confiança no sistema eleitoral atual. “Já disputei oito eleições, sendo seis em urna eletrônica. Não temos nenhum fato que diga respeito a fragilidade no sistema ou fraudes”, disse Lira.
Semipresidencialismo
O presidente da Câmara também voltou a defender a discussão do acerca do sistema semipresidencialista e disse que o modelo de governo resguardaria o presidente de instabilidades políticas, citando as dezenas de pedidos de impeachment protocolados nos últimos meses. “Não temos um apoio no Congresso que permitisse o início de uma ruptura institucional”, completou.
Arthur Lira disse ainda que o Centrão ajudaria a governar em um sistema semipresidencialista. “Nós temos problemas que são taxados de governo de coalizão, temos problema de taxação de partidos de Centrão, quando, na realidade, os partidos do centro são os partidos que, em uma ideia mais clara de semipresidencialismo, poderiam ser a base de sustentação”, completou.
Outro ponto defendido por Gilmar Mendes e Arthur Lira é a redução do número de partidos. “Temos muitos partidos que pensam e agem igual para igual, mas se comportam em quadros separados. Acredito que a cláusula de barreira vai cumprir o seu papel”, disse Lira.
Mendes disse ainda que a mudança no modelo de governo poderia ser aprovada no Congresso Nacional. “Me parece que essa reforma poderia se fazer de maneira a não termos que lançar mão de plebiscito”, argumentou.