Família viaja mais de 30 horas para vacinar adolescente com comorbidade
Eles viajaram de Osasco, na Grande São Paulo, para Campo Grande (MS), em busca de imunizar a filha de 16 anos
Uma famílía de Osasco, na Grande São Paulo, encarou mais de 1.000 km de estrada em uma viagem de 32 horas entre ida e volta para vacinar a filha adolescente com comorbidade. Eles descobriram que, em Mato Grosso do Sul e no Maranhão, jovens de 12 a 18 anos nessa condição estavam sendo imunizados sem necessidade de apresentação de comprovante de residência.
Sofia Crispim, de 16 anos, tem tetraplegia, doença que compromete seriamente o sistema respiratório e a coloca em grave risco para a Covid-19. Para vacinar a adolescente, a mãe fez campanhas ao lado de outras mães de jovens com problemas de saúde que os tornam vulneráveis ao coronavírus. Mas não tiveram apoio das autoridades.
Agora a garota, que está no primeiro ano do Ensino Médio, espera a segunda dose mais aliviada e não vê a hora de voltar às terapias ocupacionais presenciais e principalmente aos estudos em sala de aula, dos quais está longe há quase 2 anos.
Um estudo internacional acompanhado pela secretaria estadual de Educação de São Paulo apontou que crianças com deficiência e comorbidade tiveram mais perdas na aprendizagem durante a pandemia.
Sem as atividades presenciais, 45% dos jovens com paralisia cerebral, por exemplo, ficaram mais ansiosos e 60% diminuíram a amplitude dos movimentos diante da ausência de rotinas e estímulos.
O infectologista Marco Amtônio Iazzetti defende a inclusão de adolescentes com comorbidades no Programa Nacional de Imunização (PNI) devido ao alto grau de risco. “Crianças com problemas neurológicos, cardiológicos, pulmonares, renais são de risco. Seria extremamente importante vaaciná-las e trazer mais segurança para que elas e seus parentes se desloquem para fazer o tratamento que elas precisam”.
O especialista em educação e professor da USP, Roberto da Silva, afirma que no país há 1,3 milhão de adolescentes de 12 a 18 anos com algum tipo de comorbidade, e que a falta da imunização deixa esse público ainda mais recluso, comprometendo os estudos e principalmente os tratamentos.
O governo de São Paulo anunciou a vacinação de jovens de 12 a 17 anos para o dia 23 de agosto e prevê imunizar 3,2 milhões de jovens em situação de maior vulnerabilidade, o que inclui pessoas com deficiência permanente, comorbidades, gestantes e puérperas.