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    Confira 5 desafios que novo presidente da Argentina enfrentará

    Segundo turno da eleição do país ocorre no próximo domingo e será disputado entre o governista Sergio Massa e libertário Javier Milei

    Manuela Castroda CNN

    Se aproxima o fim da eleição presidencial 2023 da Argentina, caracterizada por sucessivas surpresas desde a realização das primárias, o resultado do primeiro turno e até as alianças formadas para o segundo turno.

    No próximo domingo (19), os cidadãos terão a última oportunidade para definir quem será eleito para governar pelos próximos quatro anos: Sergio Massa ou Javier Milei.

    Independentemente de quem for eleito, o novo presidente argentino terá cinco desafios para enfrentar. Entenda mais abaixo.

    1 – Inflação: problema-chave para resolver

    Os analistas consultados pela CNN concordam que o eixo central do que está por vir, assim como hoje, é a inflação e o que ela acarreta.

    Os últimos dados oficiais mostraram um aumento acumulado de 120% até agora este ano e mais de 140% em termos anuais. 

    A esta questão que parece crônica na Argentina e que governos de diferentes ideologias não encontraram solução para conter, pelo menos de forma sustentável na última década, somam-se outros indicadores negativos como 40% de pobreza, altos níveis de informalidade laboral e a taxa de câmbio.

    “A Argentina enfrenta desafios de curto prazo, que são muito urgentes, e desafios de médio prazo, que também são urgentes”, afirma Estefanía Pozzo, jornalista especializada em economia e finanças e editora-chefe do Buenos Aires Herald. 

    “Foi um ano com muito pouca produção agrícola, pouquíssimos dólares no Banco Central, e isso tira a musculatura do governo para tomar decisões sobre política econômica”, explica e conclui, então, que “no médio prazo, a complexidade das decisões que “o Governo teve que assumir devido a esta falta de dólares, torna também muito urgente a resolução de questões em relação ao Banco Central, no que diz respeito à situação cambial, monetária e financeira”.

    2 – Credibilidade: o cerne da questão

    Na mesma linha, o economista Claudio Zuchovicki sugere que o desafio mais importante é a credibilidade que quem tomar posse no dia 10 de dezembro poderá construir.

    “A Argentina distorceu os preços relativos, há muitos ativos abaixo do valor alcançável, do câmbio oficial, da energia, da gasolina, entre muitos outros”, afirma.

    Segundo Zuchovicki, a consequência dessa alteração é a escassez e, para revertê-la, é necessário muito poder político.

    “Eles vão ter que fazer coisas que nenhum deles disse durante a campanha”, explica.

    “Não há alternativa senão um plano de estabilização credível e duradouro”, acrescenta Juan Germano, diretor da consultoria Isonomía. 

    “Não há mais atalhos nem do lado da dívida, nem do lado da emissão, isso está acabado. Não há tolerância para que quem governa continuar navegando na situação econômica. A sociedade espera uma mudança”, diz ele.

    Facundo Nejamkis, analista e diretor da Opina Argentina, afirma que o cerne da questão não é econômico, mas político. “É verdade que a inflação é um problema e, se você emite, gera inflação”, diz Nejamkis. “A questão é como você financia os gastos públicos sem emitir, quem você corta? Aí a decisão é política”, afirma.

    3 – Novos ciclos, dentro e fora do partido

    Embora quem conquistar a presidência enfrente importantes desafios sociais e macroeconômicos, especialmente a contenção da inflação, entre outros, existem desafios internos que devem ser superados para governar.

    Um possível mandato de Sergio Massa deverá enfrentar obstáculos completamente distintos aos de um eventual governo de Javier Milei.

    Segundo o cientista político Andrés Malamud, os principais desafios de um governo do atual ministro da Economia não estão na frente, e sim dentro, mas diferente do que aconteceu com o atual presidente, Alberto Fernández, Malamud diz que “Massa acabaria rapidamente com Cristina para focar em seu verdadeiro rival, aquele que poderia desafiá-lo à reeleição, Axel Kicillof”, eleito governador da província de Buenos Aires e um dos líderes mais importantes do partido atualmente.

    Na mesma linha, Nejamkis sugere que a questão é se o novo presidente vai inaugurar ou não um novo ciclo na política argentina. 

    “Se num extremo imaginamos um Massa que dê continuidade a isso e tente reconstruir reservas com gestos muito específicos, mas não substantivos, é difícil pensar que ele possa constituir uma liderança muito diferente daquela que foram os Kirchner e depois a de Alberto Fernández”, afirma o analista.

    “Agora, se Massa reconfigura o mapa do poder, e estamos enfrentando o nascimento de um novo “ismo” dentro do peronismo, devemos nos preparar, talvez, para um ciclo político mais longo”.

    4 – Congresso e governança

    No caso de Milei, os desafios adicionais têm mais a ver com o Congresso e a governança.

    Malamud diz que o economista se depararia com o dilema de “montar um governo com muletas Macri”, em relação à necessidade de apoio do ex-presidente Mauricio Macri e de seus aliados políticos, tanto no âmbito legislativo quanto territorial, para levar a cabo seu plano de governo.

    Neste sentido, Nejamkis propõe dois cenários possíveis: “É preciso ver se Milei pretende desenvolver um plano de medidas disruptivas ou mais próximas de um modelo anti-inflacionário clássico”, esclarece.

    Para ele, se continuar com a ideia de ser disruptivo, “será um período de grande conflito político e social”.

    5 – O que espera o novo presidente em 2024

    Para já, o contexto econômico do próximo ano poderá ter algumas expectativas positivas.

    O economista Claudio Loser sugere que, sem seca no horizonte, “o cenário é muito melhor em termos de produção agrícola e exportações” e que “haverá um aumento na produção e disponibilidade de petróleo e gás pelo [gasoduto] Vaca Muerta”, cenário que iria beneficiar qualquer um dos dois candidatos presidenciais.

    Os benefícios poderiam ser vistos em casos como os vencimentos da dívida, tanto privada como com o Fundo Monetário Internacional, que dariam outro fôlego para a tão crítica economia argentina.

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