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    Em Paris, Amorim diz que guerra é resultado de falta de lar para os palestinos

    Celso Amorim diz que o Brasil aguarda ansioso liberação de brasileiros em Gaza e que o país prevê liberação de recursos para ONU

    Priscila Yazbekda CNN

    Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, disse que a guerra entre Israel e Hamas é resultado da falta de um “lar seguro para os palestinos” e que o Brasil aguarda “ansioso” a liberação dos brasileiros que estão em Gaza.

    As declarações foram feitas em discurso durante a conferência humanitária para a população civil em Gaza, realizada em Paris nesta quinta-feira (9).

    Em um discurso breve, durante a sessão de trabalho da conferência, Amorim abriu sua fala citando os brasileiros que estão em Gaza e que aguardam repatriação ao Brasil. “Nas palavras do Presidente Lula, ‘inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra’. Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza”, disse.

    Amorim falou sobre a urgência em encontrar soluções para o envio mais consistente de ajuda ao enclave e defendeu um cessar-fogo.

    “Um cessar-fogo humanitário é essencial. Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas. A saída dos feridos deve ser garantida. É profundamente perturbador que quase cem membros da equipe da ONU tenham perdido a vida em Gaza”, afirmou o assessor especial.

    O ex-chanceler também afirmou que o Brasil forneceu à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina(UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016. E disse que o país está determinado a retomar o compromisso com a agência, anunciando que o Brasil deve fazer novas doações à UNRWA. “Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente. Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve”, afirmou.

    Amorim finalizou dizendo que é preciso discutir uma solução para o conflito que se estende por décadas e que a razão da guerra é a falta de um lar para os palestinos. “Isso não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isso faz parte de um conflito maior, de 75 anos, cuja raiz é a ausência de um lar seguro para o povo palestino.”

    Encontro com Macron e visita ao Brasil

    Amorim se encontrará às 12h desta quinta-feira (9) com Emmanuel Macron, presidente da França, durante a realização da conferência humanitária para a população civil em Gaza, em Paris.

    Fontes próximas ao governo afirmam que Amorim deve conversar com Macron sobre a situação em Gaza para discutir soluções sobre o conflito, ouvir e manifestar as posições brasileiras sobre a guerra.

    Outro tema discutido será a possível visita do presidente francês ao Brasil em janeiro. O convite para Macron visitar o Brasil tem sido reiterado desde o início do mandato do governo Lula, mas por enquanto sem sucesso. Nos bastidores, fontes afirmam que o presidente Lula chegou a ir a Paris para a cúpula de Macron sobre um pacto financeiro global, em junho, justamente para insistir que o presidente francês participasse da Cúpula da Amazônia, realizada em Belém em agosto.

    Pessoas próximas às discussões afirmam que a visita em janeiro deve acontecer. Macron não irá participar de algum evento específico, o objetivo será tratar de temas bilaterais, com foco na relação Brasil-França. Os dois países concordaram em realizar um novo ano do Brasil na França e da França no Brasil em 2025, iniciativa com o objetivo de aprofundar as relações bilaterais no âmbito cultural, acadêmico e econômico.

    Amorim também deve conversar com o presidente francês sobre a guerra na Ucrânia, manifestando a posição brasileira de tentar mediar uma solução pacífica para o conflito. O assessor especial defende que a estratégia de países europeus e dos Estados Unidos de fornecer armamentos aos ucranianos contribui para prolongar a guerra.

    Macron muda o tom e pede cessar-fogo

    A conferência promovida pelo governo francês em Paris reúne 80 representantes de organizações de ajuda humanitária, agências da ONU e ministros de países principalmente da Europa e do Oriente Médio.

    O principal tema discutido é como fazer a ajuda humanitária chegar a Gaza de forma mais consistente, diante do fechamento das fronteiras e das inspeções rigorosas de Israel na única passagem aberta ao território, em Rafah, na fronteira com o Egito.

    Os países conversam sobre a possibilidade de abrir corredores marítimos para que a ajuda chegue via mar. O Chipre, terceira maior ilha do Mediterrâneo, funcionaria como um entreposto para facilitar o envio dos suprimentos e mantimentos.

    O envio de mais recursos financeiros à Gaza também deve ser discutido. A cúpula não deve trazer uma declaração conjunta, os organizadores defendem que o evento tem uma função mais operacional. Mas ao fim da conferência, um novo valor de ajuda à Gaza, mais robusto, pode ser revelado.

    Na abertura do evento, Emmanuel Macron defendeu um cessar-fogo no conflito pela primeira vez. O presidente francês inicialmente vinha reforçando seu apoio inabalável a Israel e defendendo o direito de defesa das forças israelenses. Mas, com o aumento da pressão internacional, sobretudo de países árabes, diante da deterioração da situação dos palestinos, Macron vem moderando o tom.

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