No Rio, 78 mil não voltaram para tomar segunda dose de vacina da Covid-19
Nível máximo de eficiência dos imunizantes só é garantido após a aplicação da segunda dose
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro tenta localizar as 78 mil pessoas que já deveriam ter tomado a segunda dose da vacina contra a Covid-19, mas ainda não retornaram aos postos de vacinação.
As buscas, inicialmente, são feitas por telefone. Caso não obtenham sucesso, outra tentativa poderá ser feita pelo endereço residencial cadastrado nas unidades de saúde.
Quem perdeu a segunda dose na cidade do Rio pode procurar o mesmo posto onde tomou a primeira dose.
O infectologista Carlos Alberto Chebabo, presidente do comitê científico da prefeitura para enfrentamento da Covid-19, acredita que um dos motivos para o não retorno da população para a segunda dose seja o medo das reações, especialmente as causadas pela AstraZeneca.
“Creio que seja a questão dos eventos adversos. Algumas pessoas ficam com medo de voltar. Tem também a questão da trombose. As pessoas ficam assustadas e com medo, mas evento adverso é muito raro. Não se justifica não tomar a vacina”, explica.
Um dos pesquisadores que atuaram no desenvolvimento da vacina Oxford/AstraZeneca no Brasil, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, esclarece que as reações são esperadas e podem ser combatidas com medicamentos comuns, como analgésicos e antitérmicos.
Desde as fases II e III dos estudos, a vacina se mostrava ‘reatogênica’, o que significa que sua aplicação poderia gerar incômodo a algumas pessoas. Segundo Kfouri, as reações são mais comuns em pessoas mais jovens e logo após a aplicação da primeira dose.
“Em um cenário de pandemia, [melhor] ter um ou dois dias de febre e mal-estar do que ter Covid-19, o benefício [de se vacinar] é muito superior. É um perfil de segurança que nós consideramos adequado, semelhante a outras vacinas como tétano, coqueluche, meningite, que são vacinas também reatogênicas. São eventos transitórios que duram no máximo 48 horas e que se resolvem com analgésicos e antitérmicos comuns, nada de muito especial”, explicou Kfouri.
A Prefeitura do Rio destaca que o nível máximo de eficiência dos imunizantes só é garantido após a aplicação correta da segunda dose, seguindo orientação dos fabricantes.