Waack: Peronista ter terminado em primeiro lugar é soma de todos os medos
Dos 45 milhões de habitantes da Argentina, quase 19 milhões vivem de planos sociais, benefícios diversos ou dependem de algum dinheiro dispensado pelo governo
Foi a soma de todos os medos. É assim que o “La Nación”, um dos mais importantes jornais da Argentina, descreve o fato de o candidato do populismo peronista ter terminado o primeiro turno em primeiro lugar.
Dos 45 milhões de habitantes da Argentina, quase 19 milhões vivem de planos sociais, benefícios diversos ou dependem de algum dinheiro dispensado pelo governo, que pôs na rua 1,5% do PIB em bondades diversas para ganhar as eleições.
Foi o tal Plano Platita, o plano do dinheirinho, que incluiu compras governamentais, congelamento de tarifas de transporte e bonificações para desempregados e informais.
O Plano Platita serve, no curtíssimo prazo, para atenuar a inflação monstruosa de mais de 100% ao ano, o principal legado do ministro da Economia argentino para ele mesmo, caso vença o segundo turno das eleições dia 19 de novembro.
Dá para imaginar que milhões de argentinos tivessem medo do outro populismo libertário, de direita, de extrema direita, como se quiser chamar, do candidato que ficou em segundo.
O fato é que a Argentina ficou agora entre esses dois fenômenos da política, em relação aos quais, por razões divergentes, há sérias dúvidas se conseguem tirar o país da sua crise profunda e duradoura.
Nas quatro semanas daqui até o segundo turno, virá o Plano Platita 2, que deve deixar próximo do impossível a questão fiscal e a economia do nosso principal vizinho.
“E depois?”, perguntaram para o candidato do peronismo.
“Después es después”, respondeu.