CNN Mundo: após saída de Azevêdo e sob pandemia, OMC tem futuro incerto
O brasileiro Roberto Azevêdo deixou comando da OMC após pressão dos EUA. Lourival Sant'Anna aborda o tema com Marcos Jank, Rubens Barbosa e Kellie Meiman Hock
O CNN Mundo desta semana aborda a saída do brasileiro Roberto Azevêdo do cargo de diretor-geral da OMC (Organização Mundial de Comércio), que ocorreu após pressões dos Estados Unidos e em meio a um cenário de muitas incertezas para a economia mundial devido à pandemia de Covid-19.
Para falar sobre este assunto, o analista de assuntos internacionais da CNN Lourival Sant’Anna entrevista Marcos Jank, professor de Agronegócio Global do Insper; Rubens Barbosa, ex-embaixador em Londres e Washington e, atualmente, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice); e Kellie Meiman Hock, advogada da área de comércio exterior e estrategista do Partido Democrata americano. Veja alguns destaques da conversa:
“Com a pandemia, estamos vendo surgir um mundo de novas restrições que afetam diretamente o comércio. Seja nos países que restringem as suas exportações, como aconteceu com trigo e arroz, seja o próprio protecionismo de nações que querem formar estoques estratégicos. Estados Unidos e China inauguraram, por meio de recente acordo, esse unilateralismo. Os dois maiores players assumiram um acordo mútuo que ignora os demais países.”
Marcos Jank, professor de Agronegócio Global do Insper
“O esvaziamento da OMC coincide com a eleição de Roberto Azevêdo há seis, sete anos atrás. Ele veio com uma proposta de renovação. Mas a oposição americana à chamada bilaterização do comércio deixou de lado a OMC. Se o Donald Trump for reeleito, a OMC vai ficar hibernando sem maior influência, porque todos os acordos estão sendo feitos por fora. E, nestes tempos de pandemia, a organização não vai exercer o papel facilitador no cenário econômico internacional.”
Rubens Barbosa, ex-embaixador e presdiente do Irice
“O bom desta onda de populismo e nacionalismo é que isso escancarou como funciona a administração de Donald Trump. O Partido Democrata era visto como protecionista. Mas essa dinâmica mudou. Pesquisas entre os que apoiam os democratas revelam que os eleitores entendem que é importante o comércio internacional, que é preciso competir no mundo. Joe Biden é multilateral e vai contra Trump. Esse será um dos temas importantes durante a campanha.”
Kellie Meiman Hock, estrategista do Partido Democrata
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