Ex-chefe da Abin diz que operação da PF só foi possível graças à “austeridade” no governo Bolsonaro
Em publicação nas redes sociais, Ramagem disse ainda desejar que as investigações prossigam sem se levar por "falsas narrativas e especulações"
Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) disse que a operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (20) para apurar o suposto rastreamento ilegal feito por servidores do órgão só foi possível graças “ao trabalho de austeridade” feito na gestão dele.
Em publicação nas redes sociais, Ramagem disse ainda desejar que as investigações prossigam sem se levar por “falsas narrativas e especulações”.
A PF investiga o uso do sistema de geolocalização de dispositivos móveis por servidores da Abin sem autorização judicial. Na operação desta sexta-feira, dois servidores foram presos.
Vídeo — PF: Abin sob Bolsonaro espionou integrantes do STF; dois servidores foram presos
Ramagem não é formalmente investigado pela Polícia Federal, porém o avançar das investigações podem fechar o cerco ao aliado de Bolsonaro.
“A operação de hoje só foi possível com esse início de trabalho de austeridade promovido na nossa gestão (governo Bolsonaro)”, escreveu Ramagem.
Em seguida, o ex-chefe da Abin completou: “rogamos que as investigações prossigam atinentes a fatos, fundamentos e provas, não se levando por falsas narrativas e especulações”.
Na publicação, o deputado reforça que o sistema objeto da operação de hoje na Abin foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro. E disse que, ao assumir o órgão, promoveu “a auditoria formal de todos os contratos”.
“O referido sistema não faz interceptação, mas demonstrava fazer localização. Mesmo tendo passado por prova de conceito técnico e parecer favorável da AGU para aquisição (2018), nossa gestão resolveu encaminhar à corregedoria para instaurar correição”, afirmou.
Delegado da Polícia Federal desde 2005, Ramagem foi coordenador da segurança de Jair Bolsonaro em 2018 após o então candidato sofrer um atentado em Juiz de Fora (MG). Foi nessa época que ganhou a confiança dos filhos de Bolsonaro.
Após a eleição, inicialmente, Ramagem foi escalado para um cargo de assessor especial no Palácio do Planalto até que, em julho de 2019, Bolsonaro o colocou no comando da Abin.
A confiança de Bolsonaro em Ramagem era tamanha que, menos de um ano depois, decidiu que iria promovê-lo novamente e colocá-lo na chefia da Polícia Federal, porém foi impedido por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.