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    Trump é excluído de campanha para promover vacinação nos Estados Unidos

    Ex-mandatário disse que foi imunizado em janeiro, mas não há documentos que comprovem; ele está afastado do "clube" formado por ex-presidentes vivos

    Por Kevin Liptak e Jeff Zeleny, CNN

    Quando o presidente Donald Trump foi vacinado contra a Covid-19 na Casa Branca em janeiro, de acordo com uma fonte a par do assunto, não houve registros feitos por fotógrafos ou cinegrafistas oficiais. A fonte disse que não estava claro se havia qualquer documentação fotográfica do momento.

    Isso, por si só, teria tornado difícil para Trump ser incluído na campanha publicitária promovida pelo serviço público onde aparecem todos os ex-presidentes vivos e suas esposas sendo vacinados.

    Segundo fontes, as discussões sobre envolver Trump no comercial nunca ganharam força, dado seu afastamento do grupo formado pelos ex-presidentes vivos, o “Presidents Club”, no final de seu mandato e a forma amarga como ele partiu de Washington no dia da posse de Joe Biden.

    Foi uma conversa naquele dia de janeiro entre os ex-presidentes Bill Clinton,George W. Bush e Barack Obama que serviu de base para a campanha de vacinação que estreou na quinta-feira.

    Como Trump tomou a decisão de não se juntar a seus antecessores naquele momento histórico, uma pessoa próxima ao projeto disse que ele não foi convidado a se envolver na campanha publicitária.

    Trump expressou pouco interesse em se juntar a seus antecessores para promover a vacinação, e a equipe que organizou o anúncio publicitário não considerou provável que o 45º presidente fosse participar, deixando pouca abertura para sua inclusão. “Ele não deu sinais de que queria ser incluído em momentos desse tipo”, disse o assessor de um ex-presidente à CNN.

    Uma série de razões

    Não parece haver um único motivo para a exclusão de Trump, disse uma pessoa envolvida na produção do anúncio, mas sim a sensação de que sua participação nunca foi uma possibilidade real.

    Ex-presidentes dos EUA fazem campanha por vacinação
    Ex-presidentes dos EUA, como George Bush, fazem campanha por vacinação
    Foto: Reprodução

     

    Quando questionado por que Trump não foi incluído, um porta-voz do Conselho de Publicidade, que produziu o anúncio, disse que “foi algo que começou com os ex-presidentes enquanto o presidente Trump ainda estava no cargo”. Os porta-vozes de Trump não responderam às perguntas sobre quais seriamos motivos de ele não estar envolvido.

    Quando Trump estava no cargo, os funcionários do governo discutiram como e quando ele poderia receber a vacina contra o coronavírus, incluindo a perspectiva de vaciná-lo diante das câmeras. No entanto, disse uma fonte que o próprio Trump não parecia particularmente ansioso para ser visto 
    sendo vacinado, embora ele estivesse divulgando o desenvolvimento da vacina e quisesse levar crédito por isso.

    Um ex-funcionário do governo Trump disse que o ex-presidente também era altamente sensível à sua imagem depois de ser hospitalizado por causa da Covid-19 e não parecia receptivo a nenhuma oportunidade fotográfica que pudesse colocar sua saúde e forma física em exposição novamente.Na época, houve ainda discussão sobre Ivanka Trump, filha do ex-presidente, receber a dose publicamente, uma ideia que também não deu certo.

    Em vez disso, o vice-presidente Mike Pence e sua esposa Karen Pence, os perfis mais notórios do governo Trump, que foram vistos recebendo a vacina.

    Tanto Trump quanto a ex-primeira-dama Melania Trump receberam a vacina contra o coronavírus na Casa Branca em janeiro, mas só divulgaram o fato semanas depois de deixarem Washington. Na quarta-feira, antes da publicação da campanha, Trump divulgou um comunicado reivindicando o crédito pela vacina.

    No anúncio, os ex-presidentes descrevem o que perderam durante a pandemia e por que desejam ser vacinados. Clinton diz que quer “voltar ao trabalho” e “poder se movimentar”.  

    Obama diz que sente falta de visitar sua sogra e quer “abraçá-la e vê-la em seu aniversário”. E Bush diz que está “realmente ansioso para ir à abertura da temporada de jogos no Texas Rangers Stadium, com o estádio cheio”.

    O ex-presidente Jimmy Carter não fala diante das câmeras, mas o democrata de 96 anos diz durante o anúncio que está sendo vacinado “porque queremos que esta pandemia termine o mais rápido possível”.

    A campanha termina com os quatro ex-presidentes pedindo aos americanos que tomem a vacina, enquanto imagens de Jimmy e Rosalynn Carter, Barack e Michelle Obama, George e Laura Bush, e Bill e Hillary Clinton, todos recebendo suas vacinas, são mostradas.

    ‘Trabalho incrível’

    Há quase um ano, Trump foi questionado se ele consultaria os ex-presidentes sobre como lidar com a pandemia, uma prática comum para presidentes que enfrentam crises em grande escala. “Acho que estamos fazendo um trabalho incrível. Portanto, não quero incomodá-los”, disse ele em uma reunião da força-tarefa contra o coronavírus na Casa Branca.

    “Eu não acho que vou aprender muito e, você sabe, eu acho que você poderia dizer que provavelmente há uma inclinação natural para não ligar”. A resposta não foi uma surpresa. Trump fez poucas tentativas de disfarçar sua aversão por seus antecessores quando no cargo, incluindo até remover os retratos de Clinton e Bush de sua localização proeminente no saguão da Casa Branca e transferi-los para uma sala isolada usada para depósito. Esses retratos retornaram para o local original sob o governo de Biden, que demonstrou o desejo de cultivar uma relação mais funcional com seus antecessores.

    Ele disse à CNN durante uma reunião no início deste ano que ele havia falado com todos os ex-presidentes vivos, exceto um – presumidamente Trump, embora ele não o tenha mencionado.

    “Todos eles, com uma exceção, pegaram o telefone e me ligaram”, disse ele ao jornalista Anderson Cooper. Esses tipos de consultas não aconteciam durante o mandato de Trump, que raramente falava – ou nunca – com os comandantes que ocuparam cargos antes dele.

    A única vez em que o grupo se reuniu, para o funeral do ex-presidente George H.W. Bush na Catedral Nacional de Washington, foi uma recepção um tanto fria.

    Trump quebrou o precedente ainda mais, boicotando a posse de Biden, optando por deixar Washington na manhã de 20 de janeiro, com uma cerimônia na Base Conjunta Andrews. Ele deixou um bilhete para Biden, que o presidente descreveu como “muito generoso”, mas, por outro lado, foi duramente crítico quanto ao seu sucessor em declarações emitidas de sua sede na Flórida.

    Dan Merica, da CNN, contribuiu para essa reportagem. 

    (Este texto é uma tradução. Clique aqui para ler o original, em inglês)

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