Na última semana no cargo, Trump visitará muro na fronteira
A viagem agrada aos apoiadores que o colocaram no cargo em 2016, e acontece num momento com aumento das tensões em todo o país e uma pandemia violenta
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai retomar o foco de seu governo na imigração com uma viagem ao muro da fronteira entre Estados Unidos e México. A visita acontece logo após um motim mortal no Capitólio incitado pelo presidente e ao mesmo tempo em que os democratas da Câmara preparam uma segunda votação de impeachment.
Na terça-feira (12), Trump deve viajar para Alamo, Texas, perto da fronteira, para marcar a conclusão de mais de 720 quilômetros de muro. A viagem agrada aos apoiadores que o colocaram no cargo em 2016, e acontece num momento com aumento das tensões em todo o país e uma pandemia violenta.
Citado repetidamente nos últimos quatro anos como uma conquista, o muro da fronteira custou bilhões de dólares aos contribuintes norte-americanos (não aos mexicanos) e se tornou emblemático nas políticas restritivas de imigração do presidente, que isolaram em grande parte os EUA de imigrantes e refugiados.
Tensões em alta
Na véspera da visita, o prefeito Jim Darling, da vizinha McAllen, Texas, reconheceu que as tensões são altas. Será a primeira aparição pública de Trump desde que falou no National Mall na última quarta-feira (6), pouco antes de seus partidários invadirem o Capitólio dos Estados Unidos.
“Eu entendo que as emoções estão à flor da pele de ambos os lados, a favor ou contra o presidente, e espero que, se houver manifestações a favor ou contra, que sejam pacíficas com relação ao nosso pessoal das forças policiais”, afirmou Darling.
Desde janeiro de 2017, cerca de US$ 15 bilhões (cerca de R$ 82 bilhões) foram usados para construir cerca de 1.200 quilômetros de muro de fronteira por meio de diferentes fundos, incluindo aqueles disponibilizados por uma declaração de emergência nacional feita por Trump.
Dos cerca de 1.200 quilômetros, a maior parte dos novos trechos substitui barreiras antigas e dilapidadas por um novo sistema de muro aprimorado, uma diferença marcante da cerca construída anteriormente em algumas regiões. Setenta e cinco quilômetros subiram onde não existiam barreiras anteriormente, de acordo com a Alfândega e Proteção de Fronteiras.
Nos últimos dias da presidência de Trump, a Casa Branca continua a pressionar as agências federais relevantes a liberar os fundos disponíveis para o muro, independentemente de o terreno ter sido obtido para construção, descobriu a CNN. Trata-se de uma ação aparentemente destinada a amarrar fundos antes da posse do presidente-eleito Joe Biden.
A Alfândega e Proteção de Fronteiras disse na semana passada que está avançando na concessão de contratos de muro de fronteira, incluindo em áreas onde terras privadas não foram adquiridas, um movimento incomum que complicará a promessa de Biden de interromper a construção.
O ex-secretário de Segurança Interna em exercício, Chad Wolf, elogiou repetidamente o muro da fronteira e o ritmo de construção. Na segunda-feira (11), Wolf renunciou, citando litígios em andamento que questionam a validade de sua nomeação.
O governo Trump tomou uma série de medidas para erguer barreiras adicionais ao longo da fronteira sul, incluindo declarar uma emergência nacional para acessar fundos adicionais, entrar com dezenas de ações judiciais para adquirir terras privadas e renunciar a leis ambientais e de contratação para acelerar a construção.
Conforme a construção estava em andamento, a liderança do Departamento de Segurança Interna (DHS) trocou de mãos repetidamente. Os que estavam no topo muitas vezes tinham condições de aplacar os caprichos do presidente no muro da fronteira, de acordo com um ex-funcionário do DHS, que citou o impulso para pintar o muro de preto e adicionar espinhos, medidas que não têm valor operacional.
O muro de Trump provavelmente continuará a ser um ponto de discórdia no novo governo.
“Construir um muro fará pouco para deter os criminosos e cartéis que procuram explorar nossas fronteiras”, diz o plano de Biden. “Em vez de roubar recursos de escolas para crianças de militares e dos esforços de recuperação de Porto Rico, Biden direcionará recursos federais para esforços inteligentes de fiscalização das fronteiras, como investimentos na melhoria da infraestrutura de triagem em nossos portos de entrada, que na verdade manterão os Estados Unidos mais seguros”.
A promessa de Biden de interromper a construção gerou discussões entre os funcionários da alfândega e da proteção de fronteiras sobre o que ocorreria, especialmente se o financiamento fosse cortado, de acordo com um funcionário da Segurança Interna. Uma autoridade dos EUA disse anteriormente à CNN que alguns contratos podem ser modificados e que advogados do governo estão discutindo o que acontece com a aquisição de terras privadas, mas nenhuma decisão foi tomada.
(Texto traduzido, leia o original em inglês).