Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Alemanha identifica mais de 300 casos de extremistas de direita em suas tropas

    A lei alemã define como extremismo de direita os esforços dirigidos contra a igualdade fundamental dos seres humanos

    Carolina Figueiredo*, da CNN, em São Paulo

    A Alemanha informou que identificou, entre janeiro de 2019 e março deste ano, 377 casos de extremistas de direita em suas tropas.

    De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (6) pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), autoridades de segurança estaduais reportaram 319 casos e outras 58 ocorrências foram indicadas no âmbito federal. 

    Com 59 incidentes, o estado mais afetado é Hesse, região central do país, seguido por Berlim, com 53, Renânia do Norte-Vestfália, com 45, e a Baviera, com 31.

    Segundo o BfV, os casos variam de atitudes antissemitas ou xenófobas em grupos de bate-papo até a aquisição e fornecimento de armas e munições para o chamado “Dia X”, teoria da conspiração difundida por neonazistas alemães que se preparam para uma data onde a sociedade alemã irá supostamente sucumbir por conta dos “imigrantes e muçulmanos”.

    A lei alemã define como extremismo de direita os esforços dirigidos contra a igualdade fundamental dos seres humanos, e considera o grupo um inimigo do estado constitucional democrático. 

    Em setembro, vinte e nove policiais foram suspensos na Alemanha por compartilhar fotos de Adolf Hitler e montagens de refugiados em câmaras de gás no estado da Renânia do Norte-Vestfália, oeste do país. Os agentes também foram acusados de participar de salas de bate-papo online onde conteúdo extremista, como suásticas e outros símbolos nazistas que violam a constituição alemã, foram compartilhados.

    A KSK, uma unidade militar de elite do país, foi dissolvida em junho deste ano sob acusação de ter sido dominada por membros de extrema direita. 

    Tanto o relatório quanto as punições dos agentes ligados ao neonazismo fazem parte de uma investigação mais ampla sobre o extremismo de direita no funcionalismo público, e tem como objetivo afastar a ideia de que autoridades alemãs tenham feito vista grossa para casos de nacionalistas potencialmente violentos que estão ganhando espaço no âmbito militar. 

    O BfV frisou durante a apresentação do relatório que os casos identificados representam menos de 1% do contingente das forças policiais e militares da Alemanha. 

    Assista e leia também:

    Berlim impõe restrições noturnas após aumento dos casos de Covid-19 na Alemanha

    Alemanha confirma envenenamento de opositor de Putin por agente químico

    “O resultado do relatório é claro: temos um pequeno número de casos”, disse o ministro do Interior, Horst Seehofer. “Isso significa que a esmagadora maioria dos funcionários de segurança, ou seja, mais de 99%, cumpre a constituição. Isso significa também que não temos nenhum problema estrutural com o extremismo de direita entre as forças de segurança em nível federal ou estadual.”

    A questão do extremismo de direita é altamente sensível na Alemanha, um país ainda assombrado pelo assassinato de seis milhões de judeus pela ditadura nazista de Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial.

    O Ministério do Interior encomendou o relatório mais amplo já feito na história do país sobre o tamanho da presença do extremismo no âmbito militar no ano passado, após o assassinato de um político pró-imigração por um suposto simpatizante da extrema direita em Hesse e um ataque do lado de fora de uma sinagoga por um atirador antissemita na cidade de Halle.

    As forças policiais alemãs foram atingidas nos últimos meses por revelações de que policiais compartilharam conteúdo racista em salas de bate-papo e enviaram e-mails ameaçadores para legisladores de origem turca.

    “Cada caso é uma vergonha, porque mancha a imagem de todos os serviços de segurança”, disse Thomas Haldenwang, chefe da BfV.

    O relatório divulgado nesta terça (6) examinou o extremismo apenas dentro dos serviços militares uniformizados, com base em uma análise de todos os casos e casos suspeitos nas forças policiais, serviços de segurança e exército no nível federal e em todos os 16 estados da Alemanha.

    *Sob supervisão de Evelyne Lorenzetti. Com informações de Reuters e CNN internacional.

    Tópicos