Peru: promotor pede prisão preventiva de Fujimori por caso Odebretch
A candidata à presidência responde que a medida é 'absurda'
O promotor José Domingo Pérez, chefe da equipe especial que atua nas investigações relacionadas a supostos atos de corrupção na Odebrecht no Peru, pediu a um juiz que revogasse a ordem judicial com restrições que foi feita a Keiko Fujimori, candidata presidencial da Fuerza Popular, e se impusesse novamente a detenção contra ela, de acordo com uma carta da promotoria a qual a CNN teve acesso.
O promotor, segundo o documento de cinco páginas, considera que Fujimori alegadamente violou as regras de conduta impostas pelo tribunal que ordenou sua libertação pois reuniu-se com uma testemunha do caso, Miguel Ángel Torres Morales. A Agência Andina foi a primeira a informar sobre o pedido do promotor.
De acordo com a acusação, Fujimori foi vista interagindo com Torres Morales em 9 de junho, em uma entrevista coletiva na qual ela apresentou a testemunha como advogada e porta-voz política do Partido Força Popular. A carta inclui como prova uma imagem da coletiva de imprensa em questão, na qual Torres Morales está sentado ao lado de Fujimori com uma terceira pessoa. O juiz deve decidir se aceita o pedido de detenção.
Fujimori classificou o pedido de retorno à prisão como “absurdo”.
“No início desta campanha foi solicitada a suspensão do partido, não avançou. Ao final do primeiro turno, um pedido de impeachment foi feito antecipadamente. No segundo turno, houve vazamentos distorcidos, mas hoje, o que ouvimos e lemos nas notícias de já supera qualquer tentativa anterior”, disse ela na coletiva em Lima.
A seguir acrescentou: “Hoje o procurador Pérez faz um pedido para mudar a imagem que tenho há mais de um ano para fazer um pedido de prisão preventiva, mas o mais absurdo de tudo é o motivo pelo qual pede essa mudança. Ele apenas disse que ontem percebeu que o senhor Micky Torres (apelido de Miguel Ángel Torres Morales) apoio esta campanha”.
Torres esteve na coletiva de imprensa com Fujimori e participou publicamente de toda a campanha do Força Popular.
Sua advogada, Giulliana Loza, disse que “falta qualquer fundamento jurídico e factual” no pedido. Acrescentou que Torres “é testemunha neste caso, mas não tem uma relação mínima com aquelas pessoas ou com o próprio fato investigado a respeito dos supostos contribuintes simulados”. “Portanto, a Sra. Fujimori não violou nenhuma regra de conduta.”
Por sua vez, Torres Morales disse à CNN que o promotoria “em nenhum momento” o convocou como testemunha em questões de falsas contribuições. Ele disse que colaborou como testemunha em questões “total e completamente diferentes”. Ele chamou o pedido do promotor de “louco”.
A carta afirma que a “a acusada Fujimori Higuchi tem conhecimento que Miguel Ángel Torres Morales é testemunha convocada pela promotoria, pois foi considerado qualificado pela acusação fiscal”, fato que foi notificado à candidata à presidência Keiko Fujimori em 4 de junho. A Promotoria também afirma que “Torres Morales prestou depoimento em 3 de setembro de 2020, conforme atestado dessa data, do qual Giulliana Loza Avalos participou como advogada de defesa da réu Fujimori Higuchi”.
Fujimori foi liberta da prisão pela segunda vez em cinco meses em maio de 2020, sob algumas condições – incluindo a proibição de comunicação com os co-réus ou testemunhas do caso.
Em março deste ano, a promotoria requereu 30 anos de prisão contra ela pelos pressupostos delitos de crime organizado, lavagem de dinheiro, obstrução à justiça e falsa declaração em processo administrativo. Ainda se aguarda um julgamento para determinar se ela é culpada ou inocente.
Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, é investigada pelo Ministério Público peruano desde 2018 pelo caso da Odebrecht, por supostamente ter recebido contribuições desta empresa para suas campanhas presidenciais. A candidata sempre rejeitou essas acusações e afirmou sua inocência.
(Texto traduzido. Leia o original em espanhol).