NYT: Trump planejou substituir procurador-geral para questionar votos na Geórgia
Segundo jornal, Trump teria cogitado demitir o procurador-geral interino Jeffrey Rosen e substitui-lo pelo advogado Jeffrey Clark
Jeffrey Clark, um advogado do Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos, quase convenceu o então presidente Donald Trump a nomeá-lo para o lugar do então procurador-geral interino Jeffrey Rosen, que, pelo plano, seria demitido por não descredenciar os resultados eleitorais da Geórgia. A informação foi divuglada pelo jornal New York Times nesta sexta-feira (22).
Clark fez apelações seguindo as falsas alegações do ex-presidente sobre fraude eleitoral. Ele se reuniu com Trump no início deste mês e disse depois a Rosen que, a mando do presidente, seria seu substituto.
Clark então agiria para impedir o Congresso de certificar os resultados da eleição em favor do então presidente eleito Joe Biden, de acordo com o jornal.
Rosen exigiu ouvir a notícia diretamente de Trump e marcou uma reunião na noite de 3 de janeiro – o mesmo dia em que veio à tona o caso em que Trump ligou para o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, para pressioná-lo a encontrar “votos suficientes” que o fizessem ganhar a eleição no estado.
Durante a reunião, Rosen, outro alto funcionário do Departamento de Justiça e Clark estiveram com Trump, o advogado da Casa Branca Pat Cipollone e outros advogados.
Trump fez Rosen e Clark apresentarem argumentos sobre seu caso, relatou o jornal. O NYT citou dois funcionários que compararam as diretrizes opostas de Rosen e Clark durante a reunião a um episódio de “O Aprendiz”, o antigo reality show que Trump apresentou.
Citando quatro ex-funcionários da administração de Trump, o jornal relatou que um acordo entre a liderança do departamento de que todos renunciariam se Rosen fosse demitido ajudou a impedir Trump de remover seu procurador-geral em exercício.
A noção de que poderia haver uma crise no departamento, investigações do Congresso e reação negativa de colegas republicanos levou Trump a, depois de quase três horas, decidir que Rosen deveria se manter no cargo e determinar que o plano de Clark não funcionaria.
A CNN entrou em contato com o Departamento de Justiça para comentar o caso. Clark disse ao NYT que seu relatório continha imprecisões não especificadas e que ele não podia falar sobre suas conversas com Trump ou com os advogados do departamento.
“Os advogados seniores do Departamento de Justiça, não raro, fornecem aconselhamento jurídico à Casa Branca como parte de nossas obrigações”, disse ele ao jornal. “Todas as minhas comunicações oficiais eram consistentes com a lei.”
Trump não quis comentar o caso. Um de seus assessores disse ao NYT que o ex-presidente pressionou pela investigação de “fraude eleitoral desenfreada que tem atormentado nosso sistema por anos” e “qualquer afirmação em contrário é falsa e motivada por aqueles que desejam manter o sistema quebrado”.
O NYT relatou que Trump pressionou Rosen desde o início de seu papel como procurador-geral interino para nomear conselheiros especiais para investigar alegações infundadas de que a integridade da eleição tinha sido amplamente comprometida e, especificamente, para sondar os Sistemas de Votação Dominion, que Trump falsamente alegou ter perpetuado amplamente fraude.
Rosen recusou, dizendo a Trump que tal movimento seria inconsistente com a falta de conclusões do departamento sobre fraude eleitoral, relatou o jornal.
Trump continuou a pressioná-lo, questionando por que o departamento não havia encontrado evidências e acusando-o de não ter defendido sua defesa, enquanto Rosen e o procurador-geral adjunto Richard Donoghue resistiam.
Sem o conhecimento deles, um político da Pensilvânia ligou Trump a Clark, que disse ao então presidente que concordava que a fraude havia interferido nos resultados das eleições.
Clark, que se tornara o chefe interino da divisão civil em setembro, foi rapidamente abraçado por Trump após sua reunião, de acordo com o jornal.