Com economia em crise, empresas privadas passam a produzir e doar álcool gel
Ambev usa álcool que sobra do processo da Brahma zero para produzir gel antisséptico; veja outras iniciativas
Na medida em que a economia desaquece e a demanda industrial acentua os sinais de queda, empresas do setor privado empenham sua mão-de-obra e estrutura em campanhas de combate ao coronavírus. Entre as iniciativas, estão a produção de materiais, equipamentos médicos e EPIs, além do oferecimento de serviços de logística ao poder público.
Em sua maioria, as fábricas se dedicam à produção do álcool em gel, produto recomendado pelas autoridades de saúde na higienização das mãos. O item rapidamente se esgotou nas prateleiras de farmácias e supermercados após a notícia dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. Mesmo em alguns hospitais públicos, o insumo está em falta.
Grandes companhias do setor de higiene e cosméticos ampliaram a fabricação do álcool em gel, já presente em suas linhas. O Boticário doou 1,7 tonelada de álcool em gel à rede pública hospitalar de Curitiba, onde fica a sede do grupo. Os funcionários do escritório trabalham em sistema de home office.
Depois de fechar as portas de suas recém-inauguradas lojas físicas, a Natura gradualmente deixará de fabricar linhas de maquiagem e perfumaria, para entregar os pedidos das consultoras e se comprometeu a não demitir funcionários nos próximos 60 dias.
Mas se você tivesse que adivinhar quem tem álcool sobrando no Brasil, em quem você apostaria? A Ambev, líder do setor de alimentos e bebidas, destinou uma linha de produção ao antisséptico, que está sendo elaborado a partir do álcool que sobra do processo de fermentação da Brahma 0,0%. O componente químico normalmente seria usado em outras bebidas do grupo, como a Skol Beats.
Cerca de 500 mil unidades de garrafas PET contendo o produto vão ser destinadas a todos os hospitais públicos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde se concentra a maior parte dos casos de covid-19 até o momento. A média deve alcançar 5 mil embalagens para cada unidade de saúde, entregue com logística também garantida pela empresa.
Líder do setor de motores industriais e transformadores, a catarinense WEG também anunciou que está produzindo álcool gel 70% em uma de suas unidades. Com um setor inteiramente dedicado à fabricação de tintas, a empresa utilizou a linha de produção pré-existente para desenvolver o produto, que foi liberado junto à Secretaria de Estado da Saúde e à Anvisa, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). A companhia deve distribuir o higienizador em hospitais da região sul.
Apesar de ter ficado famoso nas campanhas de prevenção à doença, o álcool em gel não é sequer o produto mais eficaz no combate ao vírus. Lavar as mãos por cerca de 20 segundo, com água e sabão, ainda é a prática mais indicada por especialistas. Outra grande empresa especialista no ramo, a Ypê anunciou doações de sabão em barra para comunidades carentes, de São Paulo e Rio de Janeiro.
Na comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, foram disponibilizadas 21 toneladas de sabão em barra, o equivalente a mais de 100 mil unidades do produto. O cálculo foi feito para que cada família da região receba pelo menos um quilo de sabão, o suficiente para dois meses de consumo. No Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, chegaram cerca de 125 mil unidades do produto, aproximadamente 25 toneladas de sabão.