PIB: estados ligados ao agronegócio vão crescer mais do que o restante do Brasil
Levantamento feito pela MB Associados mostra que Mato Grosso deve liderar avanço econômico em 2021, com alta de 4,97%
O agronegócio deve ser responsável por boa parte do crescimento do país em 2021. Não à toa, os estados ligados à produção de commodities agrícolas devem avançar mais do que outros no ranking econômico.
Levantamento da MB Associados aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 3,17% neste ano — ante os 2,6% projetados anteriormente. Esse percentual deve ser superado pelo PIB do Mato Grosso (4,97%), do Amazonas (4,78%), do Rio Grande do Norte (4,37%), do Piauí (3,99%) e de Goiás (3,80%). Na outra ponta, o Rio de Janeiro (2%) aparece como o último colocado na lista.
A recente expansão das commodities tem colocado questões sobre o crescimento setorial do país, mas também regional. “Se é verdade que setores específicos do país estão em destaque maior do que a economia tradicional, isso também é observável do ponto de vista de diferenças entre os diversos estados”, diz o economista Sergio Vale, no relatório da MB Associados.
O especialista ressalta que é natural que haja um avanço maior entre os países mais pobres, logo após a crise de 2020. “Mas certamente o fato de as commodities terem tido expansão importante nesse período de crises sucessivas no país foi importante para manter a média elevada de crescimento nessas regiões”, diz.
Tanto é verdade que, desde 2010, os estados que mais cresceram estão atrelados às commodities agrícolas: Mato Grosso, Piauí, Roraima, Tocantins, Mato Grosso do Sul.
“A narrativa mais recente é de que o poder público está mais ausente de políticas públicas e de estímulo de renda, o que faz do Nordeste uma região que tem crescido recentemente abaixo da média. O Sudeste, menos o Rio de Janeiro, tende a recuperar o que se perdeu com a crise pela força de sua base de serviços (São Paulo) e commodities (Minas e Espírito Santo). O Rio, em que pese a forte cadeia de óleo e gás, tem sofrido com as inúmeras turbulências políticas que acabam sendo um elemento negativo para o investimento”, afirma.
Cenário macroeconômico
Vale argumenta que os gastos do governo ajudaram a conter um resultado econômico que poderia ser ainda pior. Apesar disso, ao aumentar de forma significativa o déficit primário e a dívida bruta, parte do mercado acendeu o alerta.
A expectativa da MB Associados é que a dívida chegue a 92% do PIB em 2022, com um déficit primário acumulado nesse período da ordem de 16,5% do PIB. Esse cenário tem colaborado para a fraqueza do real ante o dólar nos últimos meses.
“A narrativa parece levar a crer que 2022 será outro ano de câmbio acima de R$ 5, com riscos não triviais de chegar a R$ 6, em determinados momentos pela pressão política dos discursos inflamados nas próximas eleições e com a dívida bruta que seguirá sem solução.”