‘São 4 ou 5 aviões caindo todo dia’, diz infectologista sobre Covid-19 no Brasil
Em entrevista à CNN, Roberto Medronho disse que união contra inimigo comum foi chave para enfrentamento adequado em outros países
Para o infectologista Roberto Medronho, o número de mortes por Covid-19 no Brasil poderia ser menor se houvesse uma articulação entre as autoridades.
Em entrevista à CNN neste sábado (8), data em que o país atingiu a marca de 100 mil vítimas fatais da doença, coordenador do Grupo de Trabalho do Coronavírus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Medronho falou sobre o prognóstico do novo coronavírus no país.
“Nós falhamos em alguns aspectos, o primeiro deles, a articulação. Os países que conseguiram enfrentar de maneira mais adequada a pandemia foram os que, independente de questão ideológica e política, se uniram contra um inimigo comum”, disse.
“No nosso país, assistimos informações contraditórias por parte de várias autoridades, e isso traz problemas no dia a dia e para a população, que fica sem entender qual caminho seguir”.
O médico não vê os números da doença reduzindo nos próximos dias. “Estamos em um platô muito alto, são quatro ou cinco aviões caindo todos os dias. Permaneceremos algum tempo a mais, pela própria dinâmica da doença”, afirmou.
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Ele explica que, pela dimensão continental e a desigualdade histórica do país, a pandemia tem atingido as regiões em momentos distintos. Além disso, para ele, o comportamento da população não tem ajudado.
“Não podemos esperar por uma imunização de rebanho porque isso fará muitas vítimas fatais. Precisamos apostar em uma vacina ou em um tratamento seguro e eficaz”, disse.
“A vacina atual são as medidas de proteção: o isolamento, sair apenas quando necessário, lavar as mãos, usar máscaras. Essa é a vacina disponível no mundo inteiro neste momento”.
Medronho vê com bons olhos o desenvolvimento das vacinas e diz que nunca, na história da medicina, um processo evoluiu tão rapidamente. No entanto, caso sejam aprovadas, ainda há uma série de obstáculos a serem enfrentados.
Um deles é o tempo de imunização que a vacina vai garantir. Outro é a produção de bilhões de doses. “Não existe paralelo na história da humanidade, há a possibilidade de termos a vacina no início do próximo ano, mas não termos doses para imunizar todos que precisam. Essas são as questões a que precisamos estar atentos nos próximos meses”, alertou.