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    OMS pede que pais vacinem filhos mesmo durante pandemia

    Diretor-geral da organização diz que crianças podem ficar expostas a outras doenças letais sem imunização; e pede solidariedade entre nações contra a COVID-19

    Murillo Ferrari , Da CNN, em São Paulo

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) está profundamente preocupada com o impacto da pandemia do novo coronavírus nos serviços médicos dos países afetados pela doença, em especial os casos relacionados às crianças, como campanhas de vacinação.

    Ele destacou que dezenas de doenças são prevenidas por meio de vacinas, mas que, em muitos países, as campanhas foram adiadas ou canceladas em razão do novo coronavírus – o que expõe crianças a doenças que, para essa faixa etária, são muito mais letais do que o novo coronavírus.

    Nesta segunda-feira (27), o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu que, nos países em que as campanhas ainda estão em andamento ou já voltaram a ser realizadas, os pais levem os filhos para serem imunizados

    “Com o início da temporada de gripe no hemisfério sul, é vital que todos recebam sua dose da vacina. Mas mesmo quando os serviços [de saúde] estão funcionando, alguns pais estão evitando levar suas crianças para receberem as doses, em razão da COVID-19”, disse.

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    “Isso coloca as pessoas em risco. Quando as taxas de vacinação caem, mais surtos de doenças podem ocorrer, incluindo aquelas que que podem matar, como sarampo e poliomielite.”

    Tedros foi questionado sobre as críticas de alguns líderes, como o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em relação às recomendações feitas pela OMS sobre o surto de COVID-19.

    Na resposta, ele não citou nenhum líder específico, mas destacou que a organização faz apenas recomendações, não tem um poder para forçar a implementação dessas medidas.

    “Cabe ao país aceitar ou rejeitar nossos conselhos. Mas damos nossas recomendações com base nas melhores evidências científicas disponíveis”, disse o diretor-geral da organização. “Alguns países aceitam [as recomendações], e outros não. Cada um se responsabiliza por isso.”

    Ele também ressaltou a importância da solidariedade entre os governos no enfrentamento à doença. “Como tenho dito desde o início do combate à pandemia [do novo coronavírus], o mais importante é a solidariedade”, afirmou, enfatizando 3 vezes a última palavra.

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    “Este vírus não será derrotado se não estivermos unidos. Se não estivermos unidos, o vírus vai explorar as divisões entre nós e continuar a criar estragos. Vidas serão perdidas. Só podemos derrotar esse vírus com união, em nível nacional, e com solidariedade, em nível global.”

    O diretor-geral destacou também o compromisso da organização em ampliar o acesso às informações sobre o novo coronavírus e anunciou que a OMS adicionou, a partir desta segunda-feira tradução simultânea para português – inicialmente com foco em atender jornalistas – em sua transmissão diária.

    Nas palavras de Tedros, a organização continuará a investir no multilinguísmo porque é dever da OMS ser diversa. “A OMS continua comprometida a fornecer acesso ao máximo de informações possíveis na maior quantidade de idiomas possível para chegar a todos os cantos do mundo”, disse.

    Risco de reduzir isolamento

    Questionados sobre o risco que a redução do isolamento social pode representar para os países já que essas decisões são tomadas com base nos números de casos confirmados e de mortes – e esses dados são limitados à capacidade do país de realizar testes – a OMS disse ser preciso observar a trajetória para a direção das curvas epidemiológicas.

    “Cada país precisa observar seu próprio contexto – como nós já dissemos várias vezes – e balancear entre [salvar] vidas e a subsistência [de seus cidadãos]”, afirmou Michael Ryan, diretor do programa de Emergências de Saúde da OMS.

    “Ao mesmo tempo, é preciso levar em conta que, se as restrições forem retiradas antes da hora certa, pode haver um retorno ao cenário em que a quarentena precisa ser imposta novamente – o que pode ter um grande impacto na vida das pessoas”, completou.

    Ryan disse que a tomada dessas decisões representa um problema sem resposta fácil, já que cada país lida com um contexto muito diferente da epidemia e com diferentes expectativas da comunidade local.

     

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