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    Com treinamento, cães podem identificar pessoas com Covid-19, diz veterinário

    Os animais não sentem cheiro do vírus, mas reconhecem as nuances da variação fisiológica causada por ele no organismo dos infectados

    À CNN, o médico veterinário e virologista da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Brandão afirmou, nesta segunda-feira (28), que é possível treinar cachorros para que identifiquem pessoas contaminadas com o novo coronavírus.

    A afirmação foi feita após a notícia de que um aeroporto na Finlândia está contando com a ajuda de cães para ajudar a reconhecer passageiros que estariam com a doença. 

    “O olfato dos cães foi primordial para que se tornassem exímios caçadores, então para um animal ser um bom caçador, ele tem que ter um bom olfato, pelo menos”, afirmou o especialista.

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    Finlândia treina cães para farejar coronavírus
    Finlândia treina cães para farejar coronavírus
    Foto: Reprodução/CNN (24.set.2020)

    De acordo com Brandão, os animais não sentem cheiro do vírus, mas reconhecem as nuances da variação fisiológica causada por ele no organismo dos infectados. 

    Ou seja, os hormônios e o suor, por exemplo, ficam diferentes. “O cachorro consegue detectar sutilezas mínimas nesse odor. Se ele for treinado a detectar uma pessoa doente com essas alterações – que podem vir de gripe, novo coronavírus, resfriado etc –, ele vai apontar quem está doente”, acrescentou.

    O veterinário ainda destacou que a detecção não significa um diagnóstico preciso. “Uma pessoa com o novo coronavírus ou alguma outra doença vai ter um odor diferente, mas [vale ressaltar] que isso não quer dizer que se ela for detectada [pelo cão] ela tem Covid-19”, explicou.

    Para ele, comprovar cientificamente essa habilidade de reconhecer o novo coronavírus é algo “pouco improvável” devido as especificidades da doença – que, muitas vezes, nem causa sintomas nos contaminados.

    “O grande problema da Covid-19 são as pessoas assintomáticas, que são a maioria dos casos, e essas passariam desapercebidas – seja por cães ou por termômetro. E esse é um problema central da triagem em aeroportos”, concluiu.

    Caso da Finlândia

    Voltado principalmente para passageiros que chegam do exterior, o serviço é voluntário e visa detectar a Covid-19 de forma mais “rápida e eficiente”.

    De acordo com testes preliminares conduzidos por um grupo de pesquisa da Faculdade de Veterinária da Universidade de Helsinque, “nossos cães são capazes de cheirar o vírus com quase 100% de acerto. Eles também podem identificar o vírus dias antes do início dos sintomas. Isso é algo que os testes de laboratório não conseguem fazer”.

    A instituição informa que eles são capazes de identificar o coronavírus a partir de uma amostra muito menor do que os testes de PCR usados por profissionais de saúde. A diferença é enorme, já que um cão só precisa de 10 a 100 moléculas para identificar o vírus, enquanto o equipamento de teste requer 18 milhões.

    No entanto, a participação dos cachorros não inclui contato direto com o indivíduo testado. O cão executa seu trabalho em uma cabine separada. Aqueles que fazem o teste limpam a pele com um pano de teste e colocam em um copo, que é dado ao cão.

    “Isso também protege o dono do cão contra infecções (…) Todos os testes são processados anonimamente”, afirmou o aeroporto.

    (Com informações de Pedro Teodoro, da CNN, em São Paulo; edição de texto de Luiz Raatz)