Força policial pode ser usada para garantir o fechamento das praias no Rio
Prefeitura não descartou utilizar o auxílio da polícia para que os protocolos sejam seguidos; gestão Paes deve anunciar mais medidas na segunda-feira (22)
A prefeitura do Rio de Janeiro não descarta a possibilidade de uso de força policial para garantir que os cidadãos cariocas cumpram o decreto municipal que impede a permanência de pessoas nas praias. Multas, que chegam a R$ 562,42, podem ser aplicadas para quem desrespeitar as regras.
No entanto, o prefeito Eduardo Paes apela para a conscientização da população. Segundo ele, caso os cariocas não colaborem, a situação da pandemia na cidade será “inadministrável”.
“Nós estamos anunciando essas medidas hoje e querendo pedir à população, deixar claro para a população, fazer um apelo à população de que não é alarme falso, não é brincadeira, não é exagero da mídia, não é exagero do prefeito, não é exagero das autoridades sanitárias. É um fato que está acontecendo na cidade do Rio de Janeiro. Todos torcemos para sermos uma ilha no Brasil.
Já há três semanas a gente vem apontando que provavelmente não seríamos, está se confirmando que não somos uma ilha no Brasil. Portanto, no cenário em que você tem a rede de saúde estressada, você começa a ter possibilidade de falta de leito e a fila de espera de regulação aumenta, isso está se confirmando na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou o prefeito.
Um decreto municipal publicado em Diário Oficial nesta sexta-feira (19) proibiu o banho de mar, a prática de esportes e o exercício de qualquer atividade econômica, como o comércio ambulante fixo e itinerante e a prestação de serviços.
As medidas passam a valer a partir das meia noite deste sábado (20), até segunda-feira (22). As outras determinações adotadas na semana passada, como a proibição de permanência nas ruas no período entre 23h e 05h e o escalonamento de atividades econômicas, seguem valendo até a mesma data.
Eduardo Paes também determinou a proibição da entrada de ônibus e demais veículos de fretamento na cidade, exceto daqueles que prestam serviços regulares para funcionários de empresas ou hotéis, cujos passageiros comprovem, neste caso, reserva de hospedagem. Ainda fica vetado o estacionamento de veículos em toda a orla marítima, exceto para os moradores, idosos, portadores de necessidades especiais, hóspedes de hotéis e táxis.
Novas restrições serão anunciadas na semana que vem
Além do fechamento das praias no fim de semana, novas medidas restritivas serão divulgadas na próxima segunda-feira (22), quando acontecerá uma reunião com o Comitê Científico. A maioria dos especialistas do grupo defende medidas mais restritivas na cidade. Paes espera, até lá, conseguir a adesão de outros municípios da região metropolitana.
“Na segunda-feira, nós vamos reunir o Comitê Científico e vamos anunciar, provavelmente ainda na segunda-feira, medidas mais restritivas que devem se dar a partir de meados do final da semana. Vamos fazer, como informei ontem cedo, antecipação de feriados, mas virão mais medidas restritivas.
Por que é que não anunciados essa medidas hoje? A cidade do Rio de Janeiro também não é uma ilha, ela é o centro de uma conurbação, ela é um centro de aglomerado urbano, de uma região metropolitana. Portanto, qualquer decisão que seja tomada sem que haja uma adesão, uma solidariedade metropolitana, ela se torna mais difícil”, disse o prefeito.
Situação da pandemia
As decisões foram tomadas após a piora da situação epidemiológica da Covid-19 na capital e a necessidade de conter a disseminação do vírus. Somente nessa semana, foram identificados onze novos casos da nova variante no Rio. Nove são moradores da cidade. No total, já são 54 casos.
“Você tem que ter consciência de ficar em casa. Tem uma nova variante do vírus circulando. Pessoas vão morrer. Não saiam. Evitem qualquer tipo de exposição desnecessária, a regra é muito clara gente está aqui falando, apelando. Não é o momento, não é nem o momento de perguntar isso. O momento agora é de evitar qualquer tipo de exposição. O momento agora é de ficar em casa o máximo possível. Tem uma nova variante do vírus circulando”, explicou o Secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Depois de uma queda, a Secretaria Municipal de Saúde verificou um aumento na curva de casos confirmados e de mortes pela doença. Além disso, os atendimentos a pacientes de síndrome gripal e respiratória aguda grave aumentaram 25% nas unidades de emergência.
Houve crescimento também de número de novas internações nos últimos dias. Hoje, o Rio tem o maior número já registrado de pacientes em UTIs. Apesar disso, a Secretaria de Saúde afirma que ainda tem capacidade de aumentar a rede e que descarta a reabertura de hospitais de campanha.
“O Rio não precisa de hospital de campanha. O Rio precisa dos leitos que tem em hospitais já construídos, em espaços disponíveis, com infraestrutura pronta, colocar recurso humanos e abrir leitos”, afirmou Paes.
Desde o início do ano foram abertos 363 leitos na rede municipal. Mas o prefeito afirma que tenta articular a abertura de leitos nos hospitais federais.
“Nós temos nesse momento, na rede federal, cerca de 300 a 350 leitos que poderiam ser abertos. Então aqui já fica um apelo ao ministro da saúde, ministro Pazuello e ministro Queiroga, para que a rede federal possa abrir e colocar na regulação estadual os leitos federais existentes no Rio de Janeiro. Ninguém precisa fazer hospital de campanha nenhum no Rio de Janeiro”, disse o prefeito.
Vacinação
Até agora a capital fluminense vacinou mais de 496 mil pessoas com a primeira dose contra a Covid-19, o que corresponde a 7,4% da população. Cerca de 187 mil pessoas tomaram as duas doses. Um novo calendário de vacinação foi divulgado com datas pra imunizar quem tem 70 anos ou mais até o início do mês que vem.