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    Correspondente Médico: Quais os efeitos colaterais que as vacinas podem causar?

    Testes da vacina de Oxford foram suspensos após relato de reação adversa

    A AstraZeneca suspendeu os testes de estágio final de sua aguardada candidata a vacina contra Covid-19 após suspeita de relação com uma reação adversa séria em um participante do estudo.

    Um porta-voz da AstraZeneca disse que o caso ocorreu com um voluntário no Reino Unido, e acrescentou que vai interromper os testes do imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em todo o mundo, incluindo no Brasil.

    À CNN, o infectologista Julio Croda disse que, no momento, os pesquisadores tentarão entender a causa da reação em um dos voluntários, para determinar se foi um evento isolado ou um efeito comum da vacina.

    “Temos informação de efeito adverso grave, provavelmente associado a um quadro neurológico. É preciso entender se esse evento tem relação causal com a vacina e entender com que frequência isso acontece. Se for grave, o estudo pode ser interrompido.”

    Na edição desta quarta-feira (9) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou quais são as fases para a produção de uma vacina e os seus efeitos colaterais. O médico também avaliou o que se pode esperar da vacina de Oxford após a suspensão dos testes em humanos. 

    “Uma vacina tem o papel muito importante quando falamos em medicina e prevenção, principalmente para evitar mortes. Não é algo que um cientista pensa e cria, existe todo um protocolo e bom senso seguido pelos cientistas”, iniciou. 

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    Fernando Gomes
    Correspondente Médico: Quais efeitos colaterais que as vacinas podem causar?
    Foto: Reprodução/CNN

    De acordo com o médico, após a suspensão dos testes, pesquisadores ficarão mais atentos às etapas e às questões alérgicas e aos estímulos distintos do sistema imunológico.

    “É necessário entender se este caso de reação adversa foi um registro isolado, se tem algum fator de risco que poderia ter sido identificado e até mesmo contraindicados. É um momento de pensar, elaborar protocolos e dar os próximos passos com segurança. É muito importante que a população entenda o trabalho que existe por trás de todo este processo, até mesmo porque isso vai valorizar o papel da vacinação, não apenas para o coronavírus”, afirma.

    Para garantir a eficiência do imunizante, as vacinas precisam passar por etapas como o desenvolvimento exploratório, pesquisa pré-clínica e clínica – testada em humanos e, por fim, o registro oficial para a sua aplicação em massa. Vale relembrar que quanto mais processos foram respeitados, maior a garantia da eficácia, que auxiliará na prevenção do vírus. 

    “Na primeira etapa, identificamos a doença e criamos questionamentos para tentar entendê-la e a segurança do imunizante. Em seguida, iniciamos testes laboratoriais e experimentais. Após esta fase, é realizado o estudo em humanos e em seguida a fase final de registro. No decorrer do desenvolvimento de toda vacina, é normal você ter algumas novidades que nem sempre são boas, mas faz com que você reveja o processo de seguimento ou não do produto”, explicou. 

    A partir de agora, os cientistas irão se pautar pelo prontuário do paciente do Reino Unido, identificar o grupo de pesquisa que ele estava inserido e se recebeu placebo ou a vacina em si. Na avaliação do médico, será feito uma inspeção detalhada do caso. Outros analistas também disseram  à CNN que, após suspensão, comitê internacional fará pente-fino em vacina de Oxford.

    “Por isso esse tipo de estudo depende da inteligência de muitas pessoas e de um investimento muito grande para conseguirmos produzir um produto seguro e eficiente ao mesmo tempo. Pela quantidade de dinheiro que já foi investido nesta produção, já nos mostra que há um entendimento de que poderia chegar neste momento ou não [de suspensão dos testes].”, finaliza.

    (Edição: André Rigue)

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