Vacina americana: a promessa tecnológica da Moderna
Entenda a proposta inovadora da empresa de biotecnologia, que é uma das mais avançadas nos testes de imunização contra o novo coronavírus
Desde que a pandemia da Covid-19 foi declarada, diversas pesquisas para conseguir uma vacina que garanta a imunização contra a doença se iniciaram.
Atualmente, existem aproximadamente seis vacinas em fase final de testes em seres humanos, e três delas fazem testes no Brasil: as desenvolvidas pela chinesa Sinovac BioNTech, a inglesa, que é uma parceria entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca, e finalmente, a alemã Pfizer.
Os Estados Unidos não deixaram de participar da corrida pela vacina, e possuem um projeto avançado desenvolvido pelo laboratório Moderna. Ela é uma das mais tecnológicas entre as candidatas, com uma estratégia nova e avançada.
Para explicar melhor a produção de diferentes vacinas, a CNN conversou com o imunologista Gustavo Cabral, que participa do desenvolvimento de uma das possíveis vacinas nacionais contra a Covid-19.
A vacina do RNA mensageiro (RNAm)
A técnica que está sendo desenvolvida pela Moderna se baseia em uma parte do DNA muito importante: o RNA mensageiro (RNAm). Essa estrutura é responsável por codificar dados genéticos para que outras partes da célula possam usá-los na produção de proteínas.
“Ela utiliza só parte do DNA, só um pedaço da informação genética”, explica Cabral. “Isso é como se fosse um passo a mais encurtando o processo de produção da vacina.”
Ele explica que, ao injetar material genético do novo coronavírus no organismo, as células do sistema imunológico são capazes de produzir defesas contra ele e provocar a imunização.
Desvantagens
O cientista afirma, entretanto, que uma tecnologia tão nova e progressiva possui empecilhos para a aplicação em massa.
“Caso coloquem esse DNA e esse RNA mensageiro no corpo diretamente, ele vai ser destruído. Então é preciso encapsular ele em partículas até que chegue dentro da célula”, pontua Cabral.
Por se tratar de um método nunca utilizado para vacinas em seres humanos anteriormente, pode ser arriscado desenvolvê-la em pouco tempo, já que não há conhecimento exato sobre possíveis efeitos colaterais ou queda da imunização. “Essa é uma estratégia muito boa para se desenvolver a longo prazo, a curto prazo ela é relativamente questionável”, afirmou o pesquisador.
Outro problema dessa vacina é o fato de que o material genético é extremamente frágil, e precisa de uma manutenção delicada nas condições de transporte.
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“Caso essa vacina precise ser aplicada, por exemplo, no interior do país, para chegar lá é preciso mantê-la em um estado de congelamento que requer um suporte muito grande. Muitos lugares não têm essas condições”, completou.
Mais uma preocupação relevante com esse projeto são as cápsulas de nanopartículas utilizadas para administrar o material genético no organismo. Cabral relata que, por se tratar de uma tecnologia muito recente, não se sabe se as substâncias nessas cápsulas podem se tornar tóxicas com o passar do tempo.
“Precisa haver um acompanhamento, pois é um investimento tecnológico muito grande. É preciso acompanhar ela perfeitamente a longo prazo”, completou ele.
Quem é a Moderna
A ModeRNA Therapeutics é uma empresa de biotecnologia americana que nasceu com a proposta de desenvolver medicamentos através de técnicas utilizando o RNA mensageiro.
A iniciativa surpreendeu o setor devido ao caráter inovador de seu propósito e o enorme investimento em pesquisa e tecnologias de ponta.