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    Especialistas criticam prioridade para Forças de Segurança em plano de vacinação

    Policiais, guardas e bombeiros podem ser imunizados antes de profissionais de saúde

    Thayana Araujo e Stéfano Salles, da CNN no Rio de Janeiro

    A inclusão de novos grupos prioritários na campanha de vacinação contra a Covid-19, por parte do governo do Rio de Janeiro, tem sido alvo de críticas por especialistas por não seguir os parâmetros determinados pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), definido pelo Ministério da Saúde.

    Desde a tarde de quarta-feira (31), profissionais das Forças de Segurança e de educação passaram as ser considerados prioritários. Com isso, eles poderão receber a imunização antes de profissionais de saúde com menos de 60 anos ou que não estejam na linha de frente, e de pessoas com doenças graves. 

    Na terça-feira (30), o governador interino Cláudio Castro (PSC) estabeleceu um Calendário Único de Vacinação, para padronizar as idades de vacinação nos municípios e evitar que moradores de uma cidade busque vacinação em outra.

    No entanto, a adesão será facultativa para os 92 municípios do estado. Esse é outro ponto criticado pelos especialistas. Castro defende que o cronograma funcione como um balizador das ações dos gestores municipais. 

    Para a pesquisadora Lígia Bahia, especialista em Saúde Pública e professora de Medicina da UFRJ, a alteração não faz sentido.  

    “Pela falta de coordenação do Ministério da Saúde, há uma interpretação livre de estados e municípios, e o Rio incluiu forças de segurança à frente de grupos que são ainda mais prioritários, com condições clínicas mais frágeis. Como se o Rio fosse primeiro vacinar primeiro um policial jovem, e deixar a mãe dele, que tem doença pulmonar crônica obstrutiva, atrás do filho. Não faz sentido em termos epidemiológicos, porque o objetivo da vacinação é diminuir a mortalidade, não é aumentar a popularidade de determinados políticos”, avalia. 

    O Palácio Guanabara planeja vacinar 20% dos agentes das forças de segurança, cerca de 15 mil pessoas, no período entre 12 e 17 de abril. Fazem parte do grupo policiais civis, militares, federais, bombeiros e agentes penitenciários. O plano determina ainda que as guardas municipais sejam prioritárias, mas a decisão sobre o calendário da categoria compete às prefeituras. 

    Presidente do Sindicato dos Médicos, Alexandre Telles criticou a medida, disse que o setor não foi consultado e prometeu apresentar representação ao Ministério Público (MP-RJ) para anular as novas normas. 

    “Nós não fomos consultados e entendemos que não é razoável. A lista de prioridades foi estabelecida pelo Ministério da Saúde. Todos os profissionais de saúde estão muito expostos, não apenas quem está na linha de frente. Estamos submetidos a uma carga viral muito maior e, se analisarmos a letalidade por profissão, veremos que a da nossa categoria é muito maior. Vamos procurar o MP-RJ. Não apenas nós, médicos, mas também sindicatos de outras categorias, em conjunto”, afirmou. 

    Em entrevista nesta quarta-feira, o secretário Saúde da capital, Daniel Soranz, disse que o município tentará compatibilizar as orientações do PNI com as do calendário publicado pelo governo do estado. 

    “A gente vai vacinar os idosos acima de 60 anos, que é um grupo prioritário, que corresponde à maior parte das internações. Comorbidades, junto com professores e profissionais de segurança e outros pontos que serão colocados no calendário do Ministério da Saúde”, afirmou. 

    Procurados, o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual ainda não se manifestaram.

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