ONU precisa de US$ 655 milhões para evitar epidemias de sarampo e poliomielite
Se campanhas de vacinação em países pobres e de renda média não forem retomadas rapidamente, podem acontecer surtos em 2021 e 2022, dizem Unicef e OMS
As interrupções nas campanhas de imunização contra o sarampo e a poliomielite causadas pela pandemia de Covid-19 colocam milhões de crianças vulneráveis em risco de doenças fatais e debilitantes, disseram agências das Nações Unidas nesta sexta-feira (6).
Emitindo um pedido urgente de financiamento para evitar epidemias de doenças contagiosas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) disseram que são necessários US$ 655 milhões (cerca de R$ 3,6 bilhões) para resolver “perigosas lacunas de imunidade” em países pobres e de renda média.
“Não podemos permitir que a luta contra uma doença mortal nos faça perder terreno na luta contra outras doenças”, disse a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, em comunicado.
Fore disse que os US$ 655 milhões necessários incluem US$ 400 milhões para a vacinação contra poliomielite e US$ 255 milhões para campanhas contra o sarampo.
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O sarampo – uma das doenças mais contagiosas conhecidas do mundo – teve um ressurgimento global nos últimos anos, com surtos em andamento em todas as partes do mundo.
As lacunas na cobertura da vacinação foram ainda mais exacerbadas em 2020 por causa do novo coronavírus, e a OMS disse que os dados sobre as taxas de mortalidade por sarampo em 2019, que devem ser divulgados na próxima semana, “mostrarão o número negativo contínuo que os surtos sustentados estão tendo”.
Com a poliomielite, o número de casos em todo o mundo foi reduzido a níveis extremamente baixos antes da pandemia Covid-19, mas a transmissão do vírus deve aumentar no Paquistão e no Afeganistão e em áreas da África onde as taxas de vacinação contra a poliomielite caíram.
“Agora temos um grande número de crianças não imunizadas ou subimunizadas”, disse a diretora de imunização, vacinas e produtos biológicos da OMS, Catherine O’Brien, em entrevista coletiva em Genebra.
Ela disse que a interrupção causada pela pandemia do novo coronavírus nos serviços de saúde levou à suspensão de 91 campanhas de vacinação programadas em 53 países.
“Eles estão sendo retomados, mas não voltaram totalmente ou tão rapidamente como esperávamos”, disse ela, acrescentando que isso cria “lacunas de imunidade” para sarampo, poliomielite e várias outras doenças infecciosas.
“Se não agirmos rapidamente em relação à poliomielite, sarampo, febre amarela, cólera e febre tifóide, veremos surtos significativos em 2021 ou 2022”, disse O’Brien.