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    O que são coágulos sanguíneos e quais preocupações devemos ter com eles

    Especialistas esclarecem dúvidas sobre o assunto que ganhou atenção com o surgimento de casos, ainda em investigação, relacionados à vacina da AstraZeneca

    Lucas Rocha, da CNN, em São Paulo

    Os coágulos sanguíneos são uma resposta fisiológica natural do organismo humano, que auxiliam no controle de um sangramento ou hemorragia. Quando o corpo sofre um corte ou uma lesão, as células sanguíneas se agrupam, recobertas por uma proteína chamada fibrina, de forma a interromper o sangramento.

    Segundo o pesquisador Carlos Henrique Miranda, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), algumas doenças podem desencadear a formação de coágulos até mesmo quando não existe um sangramento ou hemorragia. Eles podem atingir uma variedade de órgãos, incluindo o pulmão, o cérebro e o coração, além de provocar casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

    “A formação de coágulos dentro do vaso ou da artéria entope e interrompe a passagem de sangue, levando a um problema no órgão para o qual o sangue deveria chegar. Quando eles se formam nos vasos do pulmão, por exemplo, desencadeiam uma doença chamada embolia pulmonar. No caso de atingir uma coronária, vaso ligado ao coração, podem causar um infarto”, explicou Carlos.

    O pesquisador destaca que diversos estudos científicos têm mostrado um aumento na incidência da trombose, decorrente da formação dos coágulos, relacionada a casos de Covid-19. “Os pacientes com a Covid-19 podem apresentar um estado de hipercoagulação causada pelas alterações desencadeadas pela própria doença ou pela ativação inflamatória”, explica.

    O desenvolvimento de coágulos é mais comum em idosos, pacientes com câncer e pessoas acamadas. Pelo menos três fatores contribuem para a formação. Entre eles, a ocorrência de lesões nos vasos sanguíneos; situações em que o sangue tem pouca circulação, chamada tecnicamente de estase, e a predisposição hereditária ou adquirida (hipercoagulabilidade), que favorece a formação dos coágulos por alterações das próprias moléculas do sangue.

    O tratamento é realizado com o uso de medicamentos anticoagulantes, que ajudam a desfazer os coágulos e impedir sua formação. Por serem medicamentos que interferem no processo de coagulação sanguínea, devem ser utilizados sob prescrição médica, dentro do ambiente hospitalar.

    Formação de coágulos após imunização contra a Covid-19 é investigada

    No final de janeiro, surgiram as primeiras suspeitas de que a vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica britânica AstraZeneca poderia estar relacionada a casos raros de formação de coágulos sanguíneos.

    Recentemente, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) se pronunciou sobre os efeitos colaterais da vacina, que está sendo distribuída no Brasil e em mais de outros 100 países. “A combinação relatada de coágulos sanguíneos e plaquetas sanguíneas baixas é muito rara, e os benefícios gerais da vacina na prevenção de Covid-19 superam os riscos de efeitos colaterais”, concluiu a EMA.

    Em março, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), produtora da vacina com a tecnologia de Oxford/AstraZeneca no Brasil, afirmou em nota oficial que a vacina não está associada ao aumento de risco de coágulos sanguíneos. A Fiocruz destacou que busca esclarecer a população e reforçar o papel das agências regulatórias no mundo, junto aos produtores das vacinas, no acompanhamento e monitoramento permanente dos imunizantes.

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