Operação no Jacarezinho completa um mês neste domingo (6)
Ato na comunidade da Zona Norte do RJ vai lembrar as mortes de 28 pessoas; força-tarefa do MPRJ ainda aguarda provas requisitadas para concluir investigação
Neste domingo (06), a operação mais letal do Rio de Janeiro completa um mês. A ação planejada pela Polícia Civil para cumprir mandados de prisão contra o tráfico de drogas e suspeitos de outras práticas criminosas terminou em um confronto marcado pela violência e as mortes de 28 pessoas, entre elas, um agente da Delegacia de Combate às Drogas.
Como forma de protesto, líderes comunitários e moradores do Jacarezinho querem respostas da instituição. Um ato está marcado para este domingo, na quadra da Unidos do Jacarezinho. O grupo organizador pretende lançar um Memorial pelo não esquecimento das vítimas.
O ato tem como objetivo contar com a participação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, e de representantes da Defensoria Pública do Rio, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de representantes de outras comunidades do Rio de Janeiro e a ONG Rio de Paz.
Na esfera da investigação, a força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro criada para apuração do caso informou à CNN que os trabalhos estão dentro do prazo para uma conclusão.
Esta semana, o MPRJ requisitou uma série de documentos sobre o planejamento de atuação na favela, autos de apreensão referentes à operação de 06 de maio, termos de cautela das armas utilizadas na ação e relatório final de investigação.
A Polícia Civil confirmou na última quarta (02) a entrega de parte do material. A força-tarefa do MPRJ abriu esta semana um novo Procedimento Investigatório para analisar as mídias e atas de audiências de custódia de seis presos na operação. O material foi cedido pelo Tribunal de Justiça do RJ.
Os promotores de justiça querem saber se houve excesso por parte da polícia, com base também nos depoimentos dos presos. O Ministério Público informou à CNN neste domingo que levantou parcialmente o sigilo de algumas provas da investigação mesmo após a Polícia Civil estabelecer no dia 25 de maio o segredo, por cinco anos, de informações da operação no Jacarezinho. No dia, a Secretaria de Polícia Civil chegou a comunicar que as restrições de acesso se estendiam a todas as operações da corporação.
Para pedir a quebra do sigilo, o MPRJ alegou que a sociedade e os familiares dos mortos deveriam ter conhecimento do teor da investigação. “Ainda estão sob sigilo informações sensíveis, tais como imagens, nomes, endereços e depoimentos de testemunhas, imagens das pessoas envolvidas e dados protegidos por sigilo legal e por medidas de segurança”, informa nota do MP. Depois do dia 06 de maio, não houve mais operação no Jacarezinho segundo relatos dos próprios moradores que organizam a manifestação deste domingo.