Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Mais de 1/3 das cidades de SP têm risco de colapso na saúde, diz levantamento

    Na cidade de São Paulo, as medidas de isolamento têm sido relaxadas nas últimas semanas

    Luiz Fernando Toledo , Da CNN, em São Paulo

    Mais de um terço dos municípios paulistas têm alto risco de sofrer um colapso do sistema de saúde em meio à pandemia do novo coronavírus. Isso significa que essas cidades têm alto ritmo de contágio, taxa de subnotificação elevada e uma capacidade hospitalar (medida em dias para esgotar o número de leitos)  limitada. 

    É o que aponta um levantamento do Farol Covid, iniciativa da Impulso, Instituto Arapyaú e InLoco, obtido pela CNN. Os dados foram atualizados no dia 24 de junho. O objetivo da base é auxiliar gestores públicos na tomada de decisão sobre como agir na pandemia.

    Leia também:
    SP renova quarentena no estado, mas libera bares e restaurantes na capital
    Covas diz que São Paulo fechará hospital de campanha do Pacaembu

    “Acreditamos que a ferramenta é um apoio importante para as gestões municipais agirem num contexto incerto e volátil e que os resultados serão colhidos pelas populações locais ao longo deste período de enfrentamento da crise”, diz Marcelo Cabral, que é gerente do programa Cidades e Territórios no instituto.

    O grupo considera, para essas cidades em alto risco, que o ritmo de contágio é maior que 1,2 (um infectado pode atingir mais de uma pessoa), crescente, com subnotificação maior do que 70% (baixa testagem da população) e capacidade hospitalar ruim, abaixo de 30 dias, indicando que não há tempo de reação para evitar o colapso do sistema de saúde. Neste nível estão, por exemplo, a capital paulistana e cidades da região metropolitana. 

    “Não tem sido fácil para o tomador de decisão navegar os diferentes e legítimos interesses dos cidadãos, mas essa abordagem propõe uma saída justa: a prioridade é salvar vidas, sem incorrer em danos socioeconômicos desnecessários. Nem todas as cidades de um estado estão na mesma situação de pressão sobre o sistema de saúde, por exemplo, e, portanto, podem ter níveis de restrição diferentes”, diz a coordenadora de tecnologia e dados na Impulso, Ana Paula Pellegrino.

    Na cidade de São Paulo, as medidas de isolamento têm sido relaxadas nas últimas semanas. A capital está atualmente na fase 2, de controle, que permite, por exemplo, abertura de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shoppings. No início de julho, a capital paulista irá para a fase 3, que permite a abertura de bares e restaurantes e salões de beleza, como foi anunciado hoje pelo governador João Doria.

    As premissas do Farol Covid são diferentes das do governo, pois tentam prever o que pode acontecer nas cidades nas semanas seguintes. “O plano de São Paulo olha para dados do presente: avalia, por exemplo, a taxa atual de ocupação de leitos de UTI destinadas a pacientes com Covid-19. Nossa metodologia leva em conta o ritmo de contágio para entender por quanto tempo a capacidade instalada vai dar conta da demanda, num horizonte de até três meses”, explica Pellegrino.

    A metodologia do grupo também considera tendências. Segundo os dados levantados pelas organizações, o ritmo de contágio ainda está aumentando em 320 municípios e caindo em 128 – não há dados para as outras 197 cidades.  “Podemos ter menos casos essa semana quando comparado à semana anterior – o que não é o caso ainda para a outros municípios da regional da capital –, mas essa proporção está aumentando ou diminuindo? Na nossa metodologia, se a tendência for de aceleração no número de casos, por exemplo, isso será levado em conta para considerar o risco de colapso”, explica.

    O levantamento aponta ainda que só 7,7% (50) das cidades têm risco médio, quando o risco de contágio é considerado bom (um infectado atinge menos de uma pessoa), mas com subnotificação insatisfatória (entre 50 e 70%), ritmo de contágio em tendência estável ou de queda e capacidade hospitalar boa (maior que 60 dias) ou insatisfatória (entre 30 e 60 dias).

    Caso de cidades como Sorocaba e Vinhedo, no interior, e Ilhabela, no litoral norte do estado. Estar neste nível não significa que o município não possa piorar rapidamente a situação. Em Sorocaba, por exemplo, o comércio voltou a fechar na última semana, após a ocupação de leitos de UTI chegar perto de 100%.

    “A piora em si pode ser imediata e temos visto cenas pelo país e pelo mundo. São extremamente preocupantes as aglomerações em shoppings, mercados e outros lugares fechados. O potencial desses episódios se tornarem ‘eventos super-contagiosos’– onde uma pessoa infecta simultaneamente muitas outras, aumentando o risco de um novo surto – é muito alta”, diz Pellegrino.

    O levantamento não faz essas estimativas para 47,7% (310) dos municípios, pois não há registro de óbitos e, portanto, não é possível estimar os indicadores necessários para estabelecer o nível de risco. Há ainda 6,5% (42) cidades em que não há dados. De acordo com os pesquisadores, são cidades menores e no interior, e é possível que as mortes tenham sido notificadas nos municípios referências da regional de saúde e não propriamente na pequena cidade, que raramente conta com leitos de UTI.

    Tópicos