Com previsão de fechamento e demissão, centros comerciais de SP pedem apoio
Estabelecimentos do Brás, 25 de Março e Bom Retiro, na região central de São Paulo, projetam perdas expressivas devido à pandemia do novo coronavírus. A previsão das associações dos lojistas é que, em breve, a crise poderá causar o fechamento de diversas lojas e vagas de emprego.
Os três centros de comércio popular somam um total de 240 mil empregos diretos. Juntos, movimentam cerca de R$ 30 bilhões ao ano, segundo seus representantes.
Para suavizar as perdas, que de acordo com os lojistas muitas ainda são imensuráveis, eles reivindicam apoio da Prefeitura e do governo de São Paulo. O pedido é que haja parcelamento e redução nos valores do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), além de medidas para a preservação de empregos.
Sobre o IPTU, a prefeitura de São Paulo informa que não há estudos relacionados a possíveis alterações.
O conselheiro-executivo da Associação de Lojistas do Brás, Jean Makdissi Jr., diz que o incentivo é necessário para que possam manter as contas e, consequentemente, os funcionários.
“Medidas urgentes têm que ser tomadas no sentido de tentar preservar o emprego. Isso inclui a redução de carga horária, com redução de salário, e a possibilidade de haver licença não remunerada, subsidiada pelo governo”, argumenta. “É muito difícil, muito duro. Mas é preciso que se tome medidas de facilitação de custo, senão as empresas quebram desde já.”
Os impactos da pandemia devem ser sentidos principalmente pelos lojistas que já têm as contas comprometidas. Segundo as associações, muitos já estão negociando créditos com os bancos e os preços de aluguéis de imóveis. Outra medida já adotada são as férias coletivas.
“Estamos aguardando até onde vai essa epidemia para tomarmos novas atitudes”, diz o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, Marcelo Mattoso Azevedo.
As regiões do Brás, 25 de Março e Bom Retiro ficaram desertas antes mesmo da publicação do decreto de emergência em saúde da Prefeitura de São Paulo, que proibiu, desde o último dia 20, o funcionamento do comércio presencial na cidade. A medida vai até o dia 5 de abril.
“O comércio da 25 de Março é o maior termômetro da América Latina. Quando o coronavírus deu os primeiros sinais, as pessoas simplesmente sumiram. E ainda não havia impedimento por decreto do Município e nem posteriormente pelo governo do estado”, diz Eduardo Ansarah, diretor da Univinco, a associação dos lojistas da 25 de Março.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou no último sábado (21) estado de quarentena por 15 dias, em decisão que reforçou o fechamento do comércio e serviços não essenciais.
Segundo Ansarah, desde o início da divulgação sobre o novo coronavírus no Brasil, mesmo com as lojas abertas, o faturamento caiu 90% no comércio da região.
Caso o isolamento social e o fechamento dos estabelecimentos permaneçam até o fim de abril, por exemplo, a perda dos lojistas da 25 de Março deve chegar ao patamar de R$ 2,7 bilhões, de acordo com a Univinco.
Procurado pela CNN, o governo do estado de São Paulo informou, por meio da Secretaria da Fazenda, que está atuando para apoiar o setor produtivo no enfrentamento à crise do coronavírus. A gestão diz que já anunciou a liberação de R$ 500 milhões em empréstimos subsidiados a empresas do estado afetadas.
Foi criada, inclusive, uma Comissão de Monitoramento dos Impactos Econômicos do Coronavírus, “que está analisando os pleitos dos setores contemplados nas seguintes áreas estratégicas para acompanhamento: crescimento econômico e produtividade; financiamento; trabalho e empreendedorismo; estratégia de abastecimento e gestão pública e orçamentária”.
Com relação ao ICMS, a Fazenda informa que há acordo entre os governos estaduais para que eventuais benefícios sejam negociados e concedidos em conjunto, por meio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).