‘Cidades devem avaliar isolamento social e ampliar testagem’, diz infectologista
O pesquisador destaca que a testagem em massa é essencial para que gestores tomem decisão sobre relevância de isolamento social para conter COVID-19
O infectologista Julio Croda, da Fiocruz, afirmou à CNN, nesta quinta-feira (9), que a decisão sobre o isolamento social deve ser tomada pelas cidades já que a dimensão dos casos do novo coronavírus deve ser diferente em cada local.
“Cada cidade vive um pico epidêmico diferenciado. No Brasil, como um todo, você tem o início de epidemia em momentos diferentes e curvas epidemiológicas em momentos diferentes, então cada cidade tem que fazer sua análise”, disse ele.
No entanto, o pesquisador destaca que a testagem em massa é essencial para isso seja feito. “É importante que a testagem em massa esteja colocada. Você só vai conhecer a realidade da sua cidade, do seu estado, se testar em massa”, completa.
Para ele, a falta desses dados tem sido o motivo de tantas cidades terem optado pelo isolamento como medida de conter o avanço da COVID-19. “Sem o conhecimento da realidade, fica muito difícil para o gestor tomar a decisão”, avalia.
“E é por esse motivo que a maioria dos gestores – sem entender como circula o vírus e se ele tem capacidade de leitos de UTI – adotaram a quarentena. Por isso, acredito que os gestores podem tomar essa decisão [sobre isolamento] com mais qualidade”, acrescenta.
Croda é autor de um estudo que reforçava a necessidade de manter o isolamento social e que foi assinado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A publicação científica mostra que, apesar do isolamento, o número de casos deve crescer significamente em abril e maio.
O infectologista ainda explicou que, pelo exemplo de outros países, o coronavírus ainda será uma constante no Brasil por, pelo menos, mais alguns meses. “O comportamento do vírus, que é transmitido, é ser transmitido durante o inverno. Eles têm seu pico no mês de maio, mas ainda vamos conviver com ele por bastante tempo. A gente vai ter que viver com o vírus ao longo de todo o ano”, disse ele.