Fuga de jogador Marcinho é registrada por câmeras após atleta atropelar casal
Apesar da suposta alta velocidade, o delegado Alan Luxardo informou que o crime ainda é considerado um homicídio culposo e não doloso
Imagens das câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil mostram o momento em que o jogador Márcio de Oliveira Almeida, o Marcinho, atropela um casal de professores no Rio de Janeiro e foge do local sem prestar socorro. Além da fuga, a polícia também recolheu as imagens que revelaram o trajeto anterior ao acidente.
Alexandre Silva de Lima e a esposa Maria Cristina José Soares, ambos docentes do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), morreram. O ex-atleta do Botafogo alega que não parou no local com medo de ser linchado.
Uma câmera do outro lado da avenida Lúcio Costa, onde aconteceu o atropelamento, captou o impacto. Apesar das cenas não serem tão nítidas, é possível perceber o momento em que o veículo do jogador atinge as vítimas, na noite do dia 30 de dezembro, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro.
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Conforme mostram as imagens, o motorista continua o caminho, faz um retorno, entra em uma primeira via. Na segunda, na Rua Professor Hermes Lima, abandona o veículo, após percorrer pouco mais de um quilômetro. O ex-jogador do Botafogo sai do carro e anda 350 metros até a casa de um amigo.
As imagens condizem com o depoimento sobre o trajeto dado por Marcinho à Polícia Civil. Em seu testemunho, ele declarou que estava na casa de um primo, combinando uma confraternização para o Réveillon, e recebeu uma ligação da esposa para que fosse comprar itens para a ceia.
Câmeras de segurança gravaram o atleta chegando ao mercado e saindo do carro, sem aparentar qualquer alteração.
Ele faz compras, sai, deixa os produtos em um local e segue em direção à orla, onde atropelou Alexandre Silva de Lima, que morreu na hora, e a esposa, Maria Cristina José Soares, que veio a óbito na última terça-feira (5). Marcinho foi indiciado por duplo homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Apesar das imagens confirmarem o trajeto passado pelo jogador, outro ponto do depoimento ainda levanta questionamentos.
Marcinho alega que trafegava a 60 quilômetros por hora, mas o delegado da 42ª Delegacia de Polícia Civil do Recreio dos Bandeirantes, Alan Luxardo, que coordena as investigações, confirmou indícios de que a velocidade era maior.
“Uma coisa está bem clara que é juridicamente falando: havia uma velocidade alta e houve uma fuga do local”, declarou à imprensa na última semana.
Testemunhas do acidente afirmaram, em depoimento, que o motorista estaria em alta velocidade. Pessoas que estavam com Marcinho antes do atropelamento também foram ouvidas. Elas informaram que ele estava em um evento familiar e que não teria ingerido bebidas alcoólicas.
Apesar da suposta alta velocidade, o delegado Alan Luxardo informou que o crime ainda é considerado um homicídio culposo e não doloso.
“O simples fato de dirigir embriagado ou em velocidade excessiva não, tecnicamente dizendo, torna o crime culposo em doloso. Pra que haja um crime doloso pelo dolo eventual precisa da assunção do risco resultado morte, ele prevê que pode ocorrer o resultado morte e não ligar se esse fato ocorrer ou não”, justificou.
A defesa de Marcinho alega que o casal teria entrado na pista de repente, fora da faixa de pedestre, em uma via pouco iluminada. Também que ele teria tentado frear, sem conseguir a tempo.