Metroviários de São Paulo fazem greve; linhas 1, 2 e 3 operam parcialmente
Paralisação afeta parte das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata; metroviários pedem reajuste inflacionário do salário
Funcionários do Metrô de São Paulo estão paralisados desde a meia-noite desta quarta-feira (19). A decisão foi tomada na terça (18) durante assembleia da categoria, após as negociações com o governo estadual não terem avançado na última semana.
A paralisação afeta as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô. As linhas 4-Amarela e 5-Lilás, que são de responsabilidade das concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade, respectivamente, operaram normalmente, segundo as empresas.
Em nota, o sindicato afirmou que participaram da assembleia, que foi online, 3.162 servidores e que 2.448 (77,4%) votaram pela greve do metrô. De acordo com a categoria, a proposta do Metrô foi rejeitada por 88% dos votantes.
Às 7h desta quarta, o Metrô informou em sua conta no Twitter sobre a retomada parcial das operações. Voltaram a funcionar os trechos entre as estações Ana Rosa e Luz, na linha 1, entre Alto do Ipiranga e Clínicas, na linha 2, e entre Bresser-Mooca e Santa Cecilia, na linha 3. Ainda de acordo com a companhia, a Linha 15- Prata permanecerá fechada.
Mais cedo, a empresa havia informado que acionou a partir das 6h a operação Paese, com 100 ônibus na linha 1, 100 ônibus na linha 3 e 60 ônibus na linha 2.
“Todo o trecho dessas linhas deve ser atendido. As viagens nos ônibus são gratuitas”, disse a companhia, em sua conta no Twitter.
Greve do Metrô: “Não estamos pedindo aumento”
Mais cedo, foi realizada uma assembleia com representantes dos metroviários e do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com o objetivo de criar um acordo entre a categoria e o governo de São Paulo. Entretanto, nenhum representante da administração compareceu à reunião desta tarde, segundo o sindicato.
“Não estamos pedindo aumento, estamos pedindo o reajuste inflacionário (do salário). É claro que, se vier alguma proposta de negociação, estamos dispostos a conversar e não paralisar o Metrô. Mas isso está nas mãos do governo e do Metrô”, afirmou mais cedo Camila Lisboa, uma das coordenadoras do sindicato.
Os dirigentes alegam que a categoria está há dois anos sem reajuste salarial e sem receber a Participação nos Resultados (PR) referentes aos anos de 2019 e 2020. Em comunicado oficial, a categoria afirma também que o Ministério Público do Trabalho (MPT) sugeriu uma proposta de acordo na segunda-feira (17), que foi descartada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo.
Secretaria e Metrô criticam paralisação
Em comunicado, o Metrô de São Paulo afirmou que “lamenta a decisão do Sindicato dos Metroviários de punir a população de São Paulo paralisando o serviço essencial de transporte”, e que “acionará seu plano de contingência para minimizar os transtornos a quem precisa do transporte, possibilitando o funcionamento de trechos importantes do sistema”.
“Enquanto milhares de trabalhadores perdem seus empregos ou tem suas rendas diminuídas, o Metrô mantém salários e benefícios acima da média rigorosamente em dia. Apesar do prejuízo de R$ 1,7 bilhão no último ano, o Metrô ofereceu um reajuste de 2,61%, além da manutenção de diversos benefícios muito além dos exigidos pela CL”, disse o Metrô.
Também em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo classificou a decisão de greve como “inadmissível” e afirmou que o “sindicato certamente vive em uma realidade diferente do restante do país, que sofre com desemprego, perda de renda e fome”.
“Reivindicar novos aumentos salariais e de benefícios, punindo a população com a paralisação do transporte público e deixando milhares de pessoas que cuidam de serviços essenciais, como saúde e segurança sem transporte é uma atitude desumana e intransigente”, disse a secretaria.
“Lamentamos muito que isso esteja ocorrendo e iremos trabalhar para oferecer o melhor transporte possível aos cidadãos. Liminar da Justiça do Trabalho determina manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários.”
Confira o posicionamento da Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo:
“É inadmissível que o sindicato dos metroviários, com toda a linha de frente vacinada e com a crise econômica que estamos passando, decida fazer uma greve que irá prejudicar exclusivamente o cidadão que necessita do transporte público para ir ao trabalho.
O Metrô de São Paulo fez uma proposta de acordo salarial aos seus empregados muito acima do que é praticado no mercado de trabalho e previsto na legislação trabalhista. O sindicato certamente vive em uma realidade diferente do restante do país, que sofre com desemprego, perda de renda e fome. O Metrô manteve todos os serviços e seus empregados, apesar do prejuízo de R$ 1,7 bilhão no último ano e de mais de R$ 300 milhões no primeiro trimestre de 2021.
Ainda assim, o Metrô ofereceu a manutenção de diversos benefícios, muito além dos exigidos pela CLT, como o pagamento de vales Refeição e Alimentação, Previdência Suplementar, Plano de Saúde sem mensalidade, hora extra de 100% (CLT determina 50%), adicional noturno de 30% (CLT determina 20%), abono de férias em 40% (CLT determina 1/3), complementação salarial para afastados e auxílio creche/educação, dentre outros.
Reivindicar novos aumentos salariais e de benefícios, punindo a população com a paralisação do transporte público e deixando milhares de pessoas que cuidam de serviços essenciais, como saúde e segurança sem transporte é uma atitude desumana e intransigente. Lamentamos muito que isso esteja ocorrendo e iremos trabalhar para oferecer o melhor transporte possível aos cidadãos. Liminar da Justiça do Trabalho determina manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários.”
Confira o posicionamento do Metrô de São Paulo:
“O Metrô de São Paulo lamenta a decisão do Sindicato dos Metroviários de punir a população de São Paulo paralisando o serviço essencial de transporte nesta quarta (19). A Companhia recorreu à justiça que determinou à categoria a manutenção de 80% do efetivo nos horários de pico e 60% nos demais, sob pena de multa diária.
O Metrô acionará seu plano de contingência para minimizar os transtornos a quem precisa do transporte, possibilitando o funcionamento de trechos importantes do sistema. Vamos informar sobre as alterações no site do Metrô www.metro.sp.gov.br e pelas redes sociais (Twitter @metrosp_oficial , Facebook @metrosp e Instagram @metrospoficial )
Enquanto milhares de trabalhadores perdem seus empregos ou tem suas rendas diminuídas, o Metrô mantém salários e benefícios acima da média rigorosamente em dia. Apesar do prejuízo de R$ 1,7 bilhão no último ano, o Metrô ofereceu um reajuste de 2,61%, além da manutenção de diversos benefícios muito além dos exigidos pela CL.”
*Com informações do Estadão Conteúdo