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    Especialistas: Sem abrir escola, Brasil condena pobres a serem ‘geração Covid’

    Profissionais de saúde e de educação defendem o retorno presencial das crianças e adolescentes às salas de aula e dizem que aprendizado será afetado

    Pauline Almeida e Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

    Especialistas em saúde e educação defendem a volta de crianças e adolescentes às escolas e alertam para os riscos de evasão escolar e impacto cognitivos e que o Brasil está condenando estudante pobres a “serem uma geração da Covid”.

    “O Brasil é o país mais atrasado no retorno escolar. Tem condenado a sua geração dos mais vulneráveis, dos mais pobres, a serem uma geração da Covid-19. Isso foi alertado, em agosto do ano passado, pelo secretário-geral da ONU, António Guterres”, disse o pesquisador Carlos Alberto Oliveira, consultor da Organização Mundial da Saúde e representante da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) no Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19.

    O alerta foi feito durante coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (27), quando o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o secretário municipal de Educação, Renan Ferrerinha, anunciaram como será o processo de retorno das aulas presenciais, prevista para dia 24 de fevereiro. Para explicar as consequências da não abertura das escolas, a prefeitura convidou para a coletiva, além de Carlos Alberto Oliveira, os pesquisadores Luciana Phebo, coordenadora do Unicef, agência das ONU para a Infância, no Rio de Janeiro; e Alberto Chebabo, diretor-médico do hospital da UFRJ.

    Carlos Alberto destacou ainda a importância do aprendizado obtido pela sociedade sobre como lidar com o vírus desde o início da pandemia e garantiu que já é possível reabrir as escolas.

    “O plano está cumprindo rigorosamente todos os parâmetros que nós temos definido na OMS. Nos baseamos naquilo que deu certo e no que deu errado nos outros países. Porque quem nos ensina é o vírus. Quem está nos ensinando como fazer é o vírus. É por isso que nós temos a convicção de que o comitê, unanimemente, entendeu que era possível, necessário, estratégico, que nós voltássemos as atividades escolares”, avalia.

    Impacto

    Para o médico Alberto Chebabo, a ausência das crianças das escolas afeta etapas de desenvolvimento importantes e o fechamento das unidades deveria ser a última opção, devido ao tamanho do impacto que isso terá nas próximas gerações.

    “O fechamento das escolas causa impacto cognitivo, o contato com outras crianças é fundamental. O comitê defende que a escola é essencial, tem que ser a primeira a abrir e a última a fechar. Alguns países decretaram restrições em outros setores para garantir a abertura das escolas. Se a gente tiver que cortar algumas atividades, não serão as escolas, elas contribuem para a segurança das crianças e a evasão escolar será um problema enorme”, afirmou.

    Luciana Phebo explicou que o retorno das aulas remotas não é suficiente e ressaltou que a Unicef auxiliou na elaboração do novo plano de retomada das aulas no município.

    O prefeito Eduardo Paes prometeu seguir as orientações do comitê, que é consultivo e não tem poder decisório. Paes anunciou que a retomada das aulas será gradual, seguindo um calendário específico por séries e de acordo com a adequação de cada escola aos protocolos sanitários estabelecidos em conjunto com as secretarias de Saúde e Educação.

    “Nós vamos seguir o comitê científico nessa indicação que a escola tem que ser a primeira a abrir. Já não foi. Mas, a partir de agora, vai ser a última coisa a fechar. Se nós tivermos que fazer novas restrições na cidade, não serão restrições que signifiquem impacto na vida e, principalmente, no futuro das nossas crianças”, garante o prefeito.

    A rede municipal do Rio tem 1.543 unidades escolares, com 640 mil alunos.

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