O Grande Debate: participação de Bolsonaro em atos e a defesa dos poderes
Os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares debatem
O Grande Debate desta segunda-feira (20), com participação dos advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares, colocou em pauta as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) feitas hoje, após ele participar de um ato ontem em Brasília que pedia intervenção militar e AI-5.
Para o advogado, a atitude de Bolsonaro, na entrevista desta manhã, foi “surpreendente” a partir do momento que ele se posicionou contra o fechamento de Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). “Bom que ele fez isso, faz tarde e não deveria participar de manifestações que pedem isso, mas há uma maior tranquilidade na hora que o presidente da República acalma todos os brasileiros, o Congresso e o STF de que de forma alguma agirá contra eles”, disse. “Baixar o tom é muito bom para o país neste momento.”
Já a advogada afirmou que não ficou surpresa com as declarações feitas nesta segunda-feira. “Esse presidente que falou hoje é exatamente o mesmo presidente com o mesmo discurso de ontem. Ontem foi o Dia do Exército brasileiro, o braço forte e mão amiga da nação”, defendeu ela, acrescentando que Bolsonaro não fez nada além do que já é acostumado a fazer. “Hoje ele vem a público com esse mesmo discurso, com essa mesma fala, não houve, em nenhum momento, violação às liberdades ou qualquer tipo de incentivo ao AI-5”, completou.
Thiago Anastácio rebateu a advogada ao dizer que ela “está vendo algo que, infelizmente, não percebi”. “O Congresso não percebeu, os ministros do STF não perceberam e o jornalismo também não”, afirmou ele. Gisele interrompeu para dizer que foi a um ato em São Paulo, conversou com os organizadores e defender que eram “pautas múltiplas” que foram levadas às ruas.
Ele questionou por que Bolsonaro não se posicionou contra o fechamento do Congresso e do STF durante a manifestação em si. Gisele avaliou que “discursos que tomam uma proporção mais inflamada” são normais dentro de uma democracia e que o que aconteceu é houve uma “inflamação no final da semana passada”.
“Ontem o discurso dele, para mim, foi muito claro. Ele exaltou a democracia e não fez críticas. O que ele disse foi’ chega de patifaria e chega de velha política'”, disse Gisele.
Considerações finais
Em suas considerações finais, Thiago Anastácio disse estar satisfeito com a mudança de tom do presidente. “Me parece muito claro que o presidente diminuiu o tom e ainda bem que o fez — o que fez com que ele seja elogiado hoje”, afirmou o advogado.
“Ele falou sobre democracia, não admitiu que um desses seguidores pedisse o fechamento do Supremo, então vocês vejam como essa ideia está disseminada. E esse é o grande problema: a disseminação de algo que é negativo, que é criminoso, que é um verdadeiro atentado à democracia. Então ponto positivo para o presidente da República neste momento”, completou ele.
Gisele concluiu ter entendido que a fala de Bolsonaro durante o ato em Brasília “foi tirada de contexto e mal-interpretada”. “Hoje, então, ele vem a público, explica, exalta novamente a democracia, reprime manifestações contrárias às instituições — que são muito importantes para o desenvolvimento do país — o clima acalma e a semana começa bem”, defendeu.
“O brasileiro está aprendendo a exercitar a democracia e a se assegurar a dos seus direitos, se interessa por compreender a Constituição e as leis e é exatamente por isso é que estamos aqui para debater justamente ideias diferentes”, continuou. “O presidente disse que ele é a Constituição, mas o que ele quis dizer é que respeita a Constituição. Todas as falas dele são sempre no sentido de respeitar a vontade do povo. Ele quer ser um presidente do povo”, finalizou.
