‘O negro não tem o benefício da dúvida’, diz CEO da Qintess
Nana Baffour, ganês que vive no Brasil e CEO global da Qintess, afirmou também que nos Estados Unidos o racismo é mais palpável por conta da guerra civil
Diante do movimento mundial contra o racismo e a violência policial motivado pela morte de George Floyd após ação policial com uso excessivo da força, a CNN entrevistou Nana Baffour, ganês que vive no Brasil e CEO global da Qintess, sobre racismo no mundo corporativo e sua experiência com a desigualdade racial no Brasil e nos Estados Unidos, onde fez faculdade.
Nana relata que em sua experiência de vida sofreu racismo em várias instâncias, e que o negro no mercado de trabalho sofre julgamento diferente de brancos. “A sensação que tenho é que quando você encontrar alguém, você não tem o benefício da dúvida que pessoas que são brancas recebem.”
Sobre a diferença da luta racial no Brasil e nos Estados Unidos, ele diz que no país do norte o racismo é palpável por conta da guerra civil e das leis segregacionistas enquanto que no Brasil o conceito de racismo se mistura com o de classes.
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“No Brasil o racismo está misturado com o de classes, é mais sutil. O próprio negro acha que não existe racismo porque é um conceito que se mistura com classe. Mas basta você entrar em empresas aqui no país que você percebe o problema.”
Ele também critica o uso de exceções para a utilização do discurso de “se ele conseguiu, você consegue também,” e diz que as pessoas não devem tratar bem a ela, mas também ao menino negro que não tem condição financeira. “Esse é o momento para empresários pararem de falar e agir como fazemos em nossa empresa,” disse Nana.
(Edição: André Rigue)