Mandetta diz que política é ‘destino’ e não descarta se candidatar à Presidência
Em live do MBL, ex-ministro afirmou que não voltará a ser deputado e disse que prioridade é escrever livro, mas não negou possibilidade de candidatura em 2022
Ex-ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta não descarta se candidatar à Presidência da República em 2022. O político foi entrevistado, na noite deste domingo (26), por Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre (MBL), e o humorista Danilo Gentili, em live transmitida no Youtube.
Mandetta rechaçou concorrer a um novo mandato como deputado para deixar “espaço aberto” no Congresso. Questionado sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência em 2022, declarou: “isso é um troço muito doido. Não saberia te dizer”.
“Acho política destino, não existe o cara chegar e falar: ‘vou fazer um projeto político'”, avaliou o ex-ministro, ao ser questionado sobre seus projetos para disputar novas eleições.
“Posso te afirmar categoricamente que não desejo me candidatar a deputado federal. Isso já fiz e já colaborei, o espaço tem que ser aberto. Me sinto representado pelo Kim (Kataguiri) e vários que lá chegaram”, disse.
Mandetta reconheceu que ganhou maior visibilidade e relevância política como ministro da Saúde durante a crise do novo coronavírus: “eu tinha uma hora e meia dentro da casa das pessoas (nas coletivas de imprensa)”, comentou.
Em outro momento da live, Kim Kataguiri trouxe à tona pedidos de internautas para uma candidatura presidencial de Mandetta em 2022. Instigado a comentar seus planos, o ex-ministro disse que no momento está “reestruturando a vida” e que irá escrever um livro sobre sua participação no governo Bolsonaro.
Ele afirmou que escrever e “cortar o cabelo” são suas prioridades momentâneas.
Saída do governo
Mandetta ressaltou que “não saiu brigado com Jair Bolsonaro” e agradeceu o apoio que recebeu de todos os ministros enquanto esteve no cargo. Rindo e em tom de brincadeira, disse que apenas o atual ministro da Cidadania não lhe apoiou.
“(Todos os ministros) me apoiaram, à exceção do Onyx Lorenzoni, que deu uma surtada. Foi tomar mate com o Osmar Terra e ficou numa saia justa“, disse Mandetta, se referindo a um áudio, obtido com exclusividade pela CNN, no qual Onyx comentava com Osmar Terra sobre a saída do então ministro da Saúde, que ainda não havia se concretizado.
Mandetta negou que suas participações em lives de artistas sertanejos, fazendo recomendações para a população cumprir a quarentena, tenha incomodado Bolsonaro. Segundo ele, porém, a entrevista que conecedeu à TV Globo afirmando que a população “não sabia se ouvia o ministro ou o presidente” de fato gerou atritos com o presidente.
“A entrevista do Fantástico sim (incomodou Bolsonaro). Foi fruto de uma semana dura que tínhamos passado”, comentou o ex-ministro.”Em um evento o presidente fez tudo aquilo que não era para fazer (descumprindo protocolos para prevenir o coronavírus) na frente da gente, aí a situação ficou muito difícil. Eu tinha que dar uma entrevista e não gostaram”.
Sobre a saída de Sergio Moro do governo, Mandetta disse não saber detalhes, mas afirmou que a relação entre Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça “já não vinha muito bem”.
Futuro da pandemia
Ao comentar sobre projeções relacionadas à pandemia do novo coronavírus, o ex-ministro citou o caso da epidemia de vírus zika no Brasil em 2016 para demonstrar que algumas vezes previsões não se concretizam.
“Diziam que o vírus zika poderia resultar em uma geração de microcefalia quando entrasse no estado de São Paulo, no Rio de Janeiro e outras regiões do Brasil”, lembrou Mandetta. “Mas o zika só produziu um número muito elevado de microcefalia em uma região Nordeste e até hoje tentam entender por que isso se deu”, ponderou o ex-ministro.
Ainda comentando a pandemia, o político avaliou que, enquanto não houver vacina, haverá “um novo normal” na vida das pessoas.
“Vai ter um novo normal. Antes de ter vacina, acho pouco provável que as pessoas queiram ambientes muito lotados. Só vamos ter o antigo normal quando tiver a vacina, que é a única maneira de enfrentar o vírus”, comentou.
Questionado se foi contraditório abraçar uma colega do Ministério da Saúde em sua despedida da pasta, descumprindo protocolos de cuidados para evitar a disseminação do coronavírus, Mandetta respondeu: “com certeza”.
“Erradamente (abracei uma colega), aquilo não é para fazer não”, declarou o ministro, repercutindo vídeo que circulou na internet.