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    Governo tenta redirecionar discurso sobre pandemia e Bolsonaro pode se vacinar

    Auxiliares consideram 'péssima' fala que classificou a Covid-19 como 'mimimi' e querem presidente concentrado em promover a imunização contra a doença

    Caio Junqueirada CNN

    As declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que a pandemia se trata de “mimimi” e frescura geraram preocupação no seu entorno e ampliaram a pressão para que haja um redirecionamento no seu discurso. Militares e Centrão estão à frente desse processo.

    Auxiliares próximos a ele consideraram a fala “péssima” e concluíram que o foco agora do discurso presidencial tem que ser as vacinas. Isso implica tanto no presidente defendê-las com mais vigor como também avaliar a possibilidade de ele mesmo se vacinar, algo que sempre relutou.

    Seria até mesmo uma necessidade, tendo em vista a nova cepa do coronavírus que se dissemina pelo país e que pode gerar a reinfecção.

    Jair Bolsonaro
    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
    Foto: DIEGO GURGEL/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO

    Segundo auxiliares, porém, o presidente só deverá pensar nisso quando chegar a sua vez de se vacinar. Bolsonaro tem 65 anos e essa faixa etária deve entrar em processo de vacinação em cerca de 40 dias, tempo suficiente para que ele possa avaliar se quer ou não se vacinar. Além disso, a ideia é que ele aguarde a sua vez na fila para não se vacinar à frente de outros grupos prioritários.

    Outra informação que deverá ser mais vendida pelo governo é o de que a vacina da AstraZeneca, principal aposta do governo, reagiu bem à cepa de Manaus do coronavírus. Outros ministros disseram que irão se vacinar, tendo em vista que a nova cepa tornou a vacinação uma necessidade.

    De qualquer modo, há quase que um consenso no governo de que é preciso uma reorientação no discurso presidencial por diversos motivos. Interlocutores do presidente dizem que pesquisas que chegam a eles apontam que a vacina se tornou a preocupação maior do brasileiro, inclusive de sua base de apoio.

    Muito mais até do que o desemprego. Além disso, notou-se que o simpatizante bolsonarista começa a se descolar do presidente, incomodado com seu discurso na pandemia, e a tomar uma posição de neutralidade em relação ao governo.

    Há preocupação ainda com que prevaleça a narrativa de que o presidente nada fez na pandemia e isso possa ter impacto forte na eleição de 2022 justamente pelas falas polêmicas de Bolsonaro.

    A leitura é a de que a impressão de que o presidente pouco fez na batalha contra o vírus corre risco de ser preponderante se a pandemia chegar até o ano que vem e que, nesse sentido, é necessário que sejam reforçadas as ações do governo na pandemia, como a própria compra das vacinas (ainda que tardia) e os recursos destinados para o auxílio emergencial e para créditos para empresas.

    Fontes próximas á Bolsonaro dizem que há uma agenda positiva a ser vendida, mas que o próprio presidente desvia dela com suas falas.

    Lideranças do Centrão, grupo que integra a base aliada do presidente, avaliam que o presidente pode se prejudicar eleitoralmente, mas dizem que não pretendem abandoná-lo. Acham que não há alternativas de poder em curso no país ainda e que os nomes em construção não conseguirão, por ora, ser mais viáveis do que a reeleição do presidente. Dizem que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por exemplo, não consegue nem ter o apoio do seu partido e do seu estado.

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