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    Quem é Sandra Torres, candidata à Presidência da Guatemala que liderou o 1º turno

    Social-democrata vai ao segundo turno pela terceira vez em sua carreira; ela é popular entre a camada mais pobre da população e se coloca contra o aborto e o casamento homoafetivo

    Pedro Jordãoda CNN , São Paulo

    A ex-primeira-dama da Guatemala (2008-2011) Sandra Torres, de 67 anos, é uma dos dois candidatos que disputam a Presidência do país no segundo turno da eleição, que acontece neste domingo (20). Pelo partido União Nacional da Esperança (UNE), ela fez o maior número de votos entre as chapas no primeiro turno, com 15,8%.

    Ex-mulher de Álvaro Colom, que presidiu a Guatemala de 2008 a 2012, Torres foi primeira-dama do país até 2011, quando se divorciou. O divórcio ocorreu para ela tentar disputar a eleição pela primeira vez, já que a lei da Guatemala não permite que parentes do presidente e vice-presidente disputem cargos eletivos.

    No entanto, a Justiça indeferiu a sua candidatura naquele ano porque viu a mudança como uma tentativa de burlar a lei eleitoral.

    Velha conhecida dos eleitores guatemaltecos, a candidata já disputou duas outras eleições, em 2015 e 2019. Em 2015, foi ao segundo turno, mas perdeu para oponente, o ex-comediante de TV Jimmy Morales.

    Em 2019, também foi ao segundo turno e perdeu para o conservador Alejandro Giammattei (atual presidente do país). Um mês após o pleito, foi presa por envolvimento em um esquema de corrupção de 2015 no financiamento de campanha de seu partido. O que ela negou.

    Ela foi presa após a eleição porque, no país, os candidatos gozam de imunidade durante a disputa. Em 2022, no entanto, o caso foi arquivado por um juiz.

    Torres é uma das fundadoras do seu partido, a UNE, e, durante o governo de Colom, teve papel proativo em muitos programas sociais, criando uma plataforma para a distribuição de ajuda governamental aos pobres. Por isso, se tornou bastante popular nesta camada da população.

    Sandra Torrres em comício em Santa Lucía Cotzumalguapa, no leste da Guatemala, nesta semana
    Sandra Torrres em comício em Santa Lucía Cotzumalguapa, no leste da Guatemala, nesta semana / Reprodução/Twitter/@SandraTorresGUA

    Principais bandeiras e posição política

    Em sua campanha, Torres promete reformas na educação e na saúde. Além disso, diz que vai gerar empregos para conter o alto fluxo de migração para os Estados Unidos [a Guatemala faz fronteira com o México].

    Ela diz que, como presidente, vai fornecer “soluções abrangentes como desenvolvimento, luta contra a pobreza e oportunidades de trabalho” para convencer a população a permanecer no país.

    Como sinal a eleitores conservadores, ela promete ser contra o aborto e o casamento homoafetivo. Apesar disso, defende os direitos das mulheres, uma de suas principais bandeiras em seu discurso.

    Até hoje, a Guatemala nunca teve uma mulher como presidente, o que Torres usa a seu favor. “Gostaria de ser lembrada como a primeiro e melhor presidenta da Guatemala”, afirmou ao principal jornal do país na quinta-feira (18).

    Seu partido promoveu a Lei Contra o Feminicídio e a Lei da Paternidade Responsável, aprovado em 2008.

    Votos de protesto no primeiro turno

    Apesar de Torres ter feito 15,8% dos votos no primeiro turno, ficando a frente de todos as outras chapas, o verdadeiro “vencedor” na ocasião foi o voto nulo: 17,4%, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). O segundo colocado, Bernado Arévalo (Semilla), segundo colocado fez 11,8%.

    Analistas de política avaliaram para a CNN que a opção pode ser lida como um voto de protesto contra o sistema eleitoral do país, envolvido em escândalos de corrupção.

    No entanto, a estratégia também foi fortalecida por três políticos (Carlos Pineda, Roberto Arzú, e Jordan Rodas) que tiveram suas candidaturas suspensas no primeiro turno.

    Além de questionarem a transparência do processo eleitoral, passaram a defender o voto nulo, a fim de terem mais de 50% nulos, o que obrigaria o TSE a fazer uma nova eleição.

    Eles alegam que a suspensão foi feita com influência do atual presidente do país para evitar que o eventual presidente quebrasse com esquemas de corrupção existentes atualmente.

    Continuidade da corrupção?

    Por causa de sua jornada antiga na política e do caso em que foi presa, Sandre Torres é vista por parte da população como opção da continuidade do atual sistema político.

    Assim, apesar de ter sido a mais votada no primeiro turno, as últimas pesquisas já apontam a derrota dela nas urnas neste domingo.

    A pesquisa Sondagem Livre, publicada pelo jornal “Prensa Libre”, mais importante veículo da Guatemala, na última quarta-feira (16), apontava que Torres terá 35,6% dos votos válidos.

    Seu opositor, Bernardo Arévalo, no entanto, aparecia com 64,9%, já que parte do eleitor o vê como opção da mudança, já que ele surpreendeu ao chegar no segundo turno.

    A pesquisa também aponta que a quantidade de votos brancos e nulos deve permanecer alta no segundo turno: 17,4%.

    Veja também: Ex-presidente da Guatemala é condenado por corrupção

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