Trabalho doméstico não remunerado revela face invisível da desigualdade
No Brasil, não há uma face menos dura do trabalho doméstico. Dentro dos próprios lares, as mulheres dedicam, em média, 10,4 horas a mais por semana do que os homens nas tarefas de casa. É o que pesquisadoras como a italiana Silvia Federici chamam de trabalho doméstico não remunerado. A face remunerada desse trabalho, no entanto, não é menos cruel.
O Brasil é o país com o maior contingente de empregadas domésticas em todo o mundo: são mais de 5,7 milhões de mulheres desempenhando esse trabalho, na maioria das vezes de forma precarizada. Basta lembrar que fomos um dos últimos países a abolir a escravidão para induzir qual é o perfil dessas trabalhadoras: mulheres negras e pobres.
Atravessado por questões raciais e socioeconômicas, o debate sobre o trabalho doméstico no Brasil ganhou ainda mais urgência na pandemia. Milhares de mulheres viram-se encurraladas pelo trabalho reprodutivo por todos os lados. Ao mesmo tempo em que foram obrigadas a dedicar-se mais aos filhos e aos cuidados de idosos e doentes dentro de casa, não puderam abandonar o trabalho remunerado.
As contradições e desafios para superar a divisão sexual do trabalho é o tema deste episódio do Entre Vozes. A criadora de conteúdo e palestrante Verônica Oliveira traz na bagagem algumas experiências em comum com grande parte das trabalhadoras domésticas no Brasil. Mulher negra, mãe solo, periférica e faxineira, Verônica criou a empresa Faxina Boa na tentativa de empoderar outras mulheres com vivências semelhantes a sua. Na conversa com Luciana Barreto, ela fala sobre racismo, dupla jornada e desvalorização do trabalho doméstico. Também participa da conversa Hildete Pereira de Araújo, coordenadora do Núcleo Transdisciplinar de Estudo de Gênero da Universidade Federal Fluminense.
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