Presidentes compreendem que Amazônia não pode chegar a “ponto de não retorno”, diz Marina
Ministra do Meio Ambiente afirma que esse é entendimento comum dos oito países do Tratado de Cooperação Amazônica; líderes deverão assinar declaração para agenda na região
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse, neste domingo (6), que há compreensão entre os presidentes dos países que compõem o Tratado de Cooperação Amazônica de que não se pode deixar a floresta chegar ao chamado “ponto de não retorno”.
Esse ponto é o momento em que, devido ao desmatamento, degradação e mudanças climáticas, a Amazônia pode não se recuperar, iniciando um processo em que deixa de ser uma floresta úmida e vira outro ecossistema.
Segundo Marina, esse é um tema que os chefes dos Executivos dos oito países do tratado têm entendimento comum.
“Vamos ter que trabalhar não mais individualmente, mas conjuntamente, num esforço regional para nos ajudar mutuamente a alcançar melhores resultados, a proteção da floresta, da biodiversidade, dos povos originários, no estabelecimento da parceria que nos leva a outro clico de prosperidade”, afirmou.
A declaração foi feita em entrevista a jornalistas ao lado das ministras do Meio Ambiente do Peru, Albina Ruiz Rios, e da Colômbia, Susana Muhamad. As três participaram mais cedo de plenária no “Diálogos Amazônicos”, em Belém. O evento antecede a Cúpula da Amazônia, que começa na segunda-feira (7).
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é composta por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Além dos representantes dessas nações, a Cúpula da Amazônia reunirá representantes de autoridades da Europa, Ásia e África.
Ao final da reunião, os países amazônicos assinarão a “Declaração de Belém”. O documento servirá para estabelecer uma agenda comum de cooperação regional em prol do desenvolvimento sustentável da região.
Marina Silva afirmou que só cabe aos presidentes dos países do acordo a definição dos pontos que entrarão na declaração. Ela ressaltou tratar-se de um processo multilateral, e que serão adotados “consensos progressivos”.
“Cada país tem sua dinâmica, suas propostas e, obviamente, que no multilateralismo não existe uma imposição de olhar de um país para o outro”, declarou. “Existe o estabelecimento de consensos progressivos sem prejuízo de que cada país possa defender sua tese no âmbito da própria organização”.
“Nós, ministros do Meio Ambiente, damos nossa contribuição, mas o que sai é sempre uma média ponderada”, disse.
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Conforme a ministra, o objetivo que se está buscando é o acerto de novos consensos entre os países, para se poder “alcançar avanços que sejam estruturantes”.
“Temos que discutir qual o modelo de desenvolvimento que queremos para nossa região. Qual o tipo de financiamento, a qualidade do financiamento que queremos, a infraestrutura que queremos”.
Marina ainda defendeu a redução dos juros para fortalecer o investimento em iniciativas de transição ecológica, depois de criticar o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Foram quatro anos de apagão de política social, ambiental e de uma política econômica errática”, disse. “Agora o Brasil vota a crescer, começa a reduzir inflação, terá que necessariamente reduzir juros para que a gente possa fazer os investimentos da transição ecológica que podemos fazer, e contribuir com equilíbrio do planeta.”
Os “Diálogos Amazônicos” terminam neste domingo (6). A expectativa inicial era de reunir mais de 10 mil pessoas em diferentes debates para embasar a criação de políticas e estratégias para a região amazônica.
Participam do encontro representantes de entidades, movimentos sociais, acadêmicos, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e de outros países amazônicos: Bolívia Colômbia, Guiana, Peru, Venezuela, Equador e Suriname.
A proposta é que essas discussões sejam transformadas em relatórios que serão entregues aos chefes de Estado e de governo, e representantes dos 15 países participantes da Cúpula da Amazônia, que acontece entre os dias 8 e 9 também na capital paraense.