China confirma participação em cúpula sobre a guerra na Ucrânia
País enviará a Jeddah, na Arábia Saudita, o enviado especial chinês para assuntos da Eurásia, Li Hui; encontro definirá os pontos-chave a ser apresentados em futuras negociações de paz com a Rússia
A China disse nesta sexta-feira (04) que enviará um alto funcionário à Arábia Saudita para conversas de fim de semana sobre como encontrar uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, um fórum que exclui a Rússia, em um golpe diplomático para Kiev, o Ocidente e os anfitriões sauditas.
Diplomatas ucranianos e ocidentais esperam que a reunião em Jeddah de conselheiros de segurança nacional e outros altos funcionários de cerca de 40 países chegue a um acordo sobre princípios-chave para um futuro acordo de paz para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia.
O enviado especial chinês para assuntos da Eurásia, Li Hui, visitará Jeddah para as negociações, disse o Ministério das Relações Exteriores da China na sexta-feira.
“A China está disposta a trabalhar com a comunidade internacional para continuar a desempenhar um papel construtivo na promoção de uma solução política para a crise na Ucrânia”, disse Wang Wenbin, porta-voz do ministério chinês, em comunicado.
Ucrânia ataca navio russo no Mar Negro
A China foi convidada para uma rodada anterior de negociações em Copenhague no final de junho, mas não compareceu.
Desde que a Rússia lançou a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado, a China manteve estreitos laços econômicos e diplomáticos com a Rússia e rejeitou apelos internacionais para condenar Moscou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na quarta-feira que espera que a iniciativa leve a uma “cúpula de paz” de líderes de todo o mundo neste outono para endossar os princípios, com base em sua própria fórmula de 10 pontos para um acordo.
A fórmula de Zelensky inclui o respeito pela integridade territorial da Ucrânia e a retirada das tropas russas, anátema para Moscou, que afirma ter anexado território ucraniano ocupado para sempre.
Autoridades ucranianas, russas e internacionais dizem que não há perspectiva de negociações diretas de paz entre a Ucrânia e a Rússia no momento, já que a guerra continua e Kiev busca recuperar território por meio de uma contraofensiva.
Ucrânia: mais de 10 mil civis morreram desde o início da guerra
Mas a Ucrânia pretende primeiro construir uma coalizão maior de apoio diplomático além de seus principais apoiadores ocidentais, alcançando países do Sul Global, como Índia, Brasil e África do Sul, muitos dos quais permaneceram publicamente neutros.
“Um dos principais objetivos desta rodada de negociações será finalmente estabelecer um entendimento comum sobre o que são os 10 pontos”, disse Ihor Zhovkva, principal conselheiro diplomático de Zelenskiy, na quinta-feira.
O plano de 10 pontos também pede proteção de alimentos e suprimentos de energia, segurança nuclear e a libertação de todos os prisioneiros.
(Reportagem de Andrew Gray e Tom Balmforth)