Países africanos cogitam intervenção no Níger para reconduzir presidente ao poder
Nações vizinhas deram prazo até o próximo domingo para o retorno de Mohamed Bazoum, eleito de forma democrática, e que foi derrubado por um golpe na semana passada
Centenas de apoiadores da junta militar que agora governa o Níger marcharam na capital Niamei nesta quinta-feira (03) para protestar contra as sanções de países da África Ocidental, enquanto ministros de Defesa da região discutiam uma possível intervenção para restaurar a democracia no país.
O general Abdourahamane Tiani, ex-chefe da guarda presidencial do Níger, confinou o presidente Mohamed Bazoum em sua residência na semana passada e se declarou chefe de Estado no sétimo golpe de Estado na África Ocidental e Central desde 2020.
O principal bloco regional, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), impôs sanções e disse que pode autorizar o uso da força se os soldados não restaurarem Bazoum ao poder até domingo.
General se apresenta como novo líder do Níger
A Cedeao, que disse que golpes não seriam mais tolerados na região após os recentes levantes militares em Mali, Burkina Faso e Guiné, adotou linha mais dura com o Níger, dizendo que precisa mostrar que “não só pode latir, mas pode morder” .
Tiani, que conquistou o apoio das juntas em Mali e Burkina Faso, disse que seu país reagirá.
“Se eles (Cedeao) perseguirem sua lógica destrutiva até o fim, que Alá cuide do Níger e garanta que esta seja a grande batalha final que lutaremos juntos pela verdadeira independência de nossa nação”, disse ele em um discurso televisionado na noite de quarta-feira.
Esta quinta-feira marca o 63º aniversário da independência do Níger em relação à França.
Um dos manifestantes em Niamei segurava um cartaz que dizia: “Viva Níger, Rússia, Mali e Burkina. Abaixo a França, Cedeao, UE.” Outros agitavam bandeiras russas enquanto se reuniam do lado de fora da Assembleia Nacional.
A França tem entre 1.000 e 1.500 soldados no Níger, ajudando a combater uma insurgência de grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico que se espalhou pela região. Burkina Faso e Mali já expulsaram as tropas francesas, muitas das quais estão estacionadas no Níger.
Como outros líderes golpistas, Tiani citou a insegurança persistente como sua principal justificativa para tomar o poder.
Mas dados não divulgados anteriormente sobre ataques e baixas no país mostram que a segurança estava melhorando sob o governo de Bazoum.
Os chefes de Defesa da África Ocidental reunidos na Nigéria estavam próximos de concluir suas discussões sobre uma possível intervenção no Níger, embora tenham dito que este será o último recurso.
(Reportagem de Boureima Balima e Abdel-Kader Mazou)