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    Médico viraliza ao transformar crianças em super-heróis durante ida à cirurgia

    O otorrinolaringologista Leandro Guimarães fez sucesso na internet com sua busca mais humanizada em atender os pequenos pacientes. Em entrevista à CNN ele conta mais sobre o processo

    Nicoly Bastoscolaboração para a CNN , São Paulo

    Otorrinolaringologista apaixonado pelo atendimento de crianças, Leandro Guimarães, da cidade de Divinópolis, interior de Minas Gerais, viralizou na internet recentemente ao mostrar como busca tranquilizar os processos cirúrgicos dos pequenos pacientes.

    Usando fantasias compradas pelo médico especialmente para estes momentos, as crianças viram super-heróis e o momento de tensão vira alegria. A postagem tinha sete milhões de visualizações no Instagram até a terça-feira (1).

    “A gente sabe que a dor física vai existir, o pós operatório é sempre difícil, mas saber que o que marcou a criança não foi isso é muito bom, o presente que eu recebo”, disse Leandro em entrevista à CNN.

    O “pai da Clarinha e do Murilo”, como se intitula no perfil do Instagram, relata que sempre soube que queria trabalhar com crianças e que o vídeo viral é só a ponta do iceberg da prática de um atendimento humanizado.

    Em março deste ano, Leandro compartilhou sua técnica com o mundo ao publicar um vídeo que mostra a ida das crianças ao bloco cirúrgico vestidas com capas e máscaras de super-heróis como Batman, Superman, Homem-Aranha e Mulher-Maravilha.

    No registro ao som da canção “Stand By Me”, de Ben E. King, o médico pega na mão das crianças, as coloca no colo e faz elas “sobrevoarem” o hospital. Os internautas se encantaram com a atitude e encheram a publicação com mais de 16 mil comentários.

    Leandro conta que a área da pediatria foi seu interesse desde que ingressou na faculdade. A paixão foi ainda somada a outros projetos que realizou com crianças durante a época em que cursou a medicina.

    “Eu comecei a participar de um grupo chamado Saracura, que é tipo um doutores da alegria, foi lá que eu aprendi a lidar com criança, e tentar fazer a internação ficar a mais tranquila possível. Aprendi muita técnica de teatro, muita coisa mais voltada à palhaçadas, isso me ajuda até hoje”.

    “Foi lá que eu fui gostando cada vez mais de mexer com criança, fazendo com que esse contato com o médico não seja traumático, usando brinquedo, brincadeira, pensando até sobre o jeito de conversar, olhando no olho da criança, estabelecendo assim uma relação de segurança”, completou.

    O atendimento especial do otorrinolaringologista não ocorre somente nos momentos cirúrgicos, como demonstrado no vídeo famoso, seu consultório e a conversa com os pais e as crianças são leves e lúdicas em todos os momentos. “Poder fazer com que a experiência de uma consulta médica, um exame e mesmo uma cirurgia sejam o menos traumático possível é o que me move e deixa meu coração quentinho”, relata ele.

    Leandro afirma ser munido de um atendimento humanizado que conta com a ajuda de muitos brinquedos e conversa.

    “Eu sempre priorizo a conversa com a criança no consultório, tentando fazer com que ela converse bastante. Nesse momento eu já consigo perceber como é a respiração dela, a fala, a audição, e já faço o exame físico enquanto estou brincando com ela. Tenho brinquedos como dinossauro jacaré, fantoche, e às vezes brinco que estou examinando os brinquedos. Deixo ela examinar também.”

    De acordo com o profissional, o segredo para atender os pequenos é não ser engessado e pensar que as crianças se entretêm mais com elementos fantasiosos.

    Como surgiu a ideia viral

    Os super-heróis sempre estiveram presentes nas consultas. “Eu sempre brinquei muito com as crianças sobre isso, de falar que o Homem-Aranha tinha vindo ao consultório, e que eu atendia todos os super-heróis. Aí comecei a querer melhorar a relação da criança com o hospital, a parte cirúrgica.

    Leandro revela que o momento decisivo para implementar uma nova forma de lidar com o bloco cirúrgico foi quando entrou com uma garotinha chorando muito em seu colo. “Prometi para mim mesmo que nunca mais ia passar por isso. Que nunca mais ia tirar do colo da mãe para entrar dessa forma”.

    Um dia ele viu um anúncio de capas e fantasias com bom preço e encomendou para experimentar com as crianças. Logo percebeu que a tensão dos pequenos melhorou. “Eu dava a oportunidade de elas escolherem a fantasia que queriam, rapidamente eu vi que ajudou muito”.

    A atitude gera bom impacto também nos responsáveis das crianças. “A gente vê que os pais ficam muito mais tranquilos, eles conseguem ver que a criança não está sofrendo antes da cirurgia”, conta Leandro. O profissional enfatiza também uma consulta igualmente segura, que não deixe os pais com dúvidas de seu trabalho e sua técnica.

    “Isso ajuda também que os pais ficam menos nervosos e eles mesmo passam mais segurança para a criança”, diz.

    Leandro afirma que o resultado das suas ideias lúdicas é o maior presente que recebe.

    “O retorno mais emocionante é sobre aquelas crianças que não se importam se você falar que precisa operar de novo. Já recebi alguns relatos de crianças que querem de novo, ou que vão operar outra coisa e perguntam de mim e se vai ter fantasia”, afirma. “Nem perguntam se vai doer, é o presente que eu recebo”.

    O médico fica feliz pelo alto alcance do vídeo ter gerado inspiração para outras pessoas. “O que eu acho que foi bom dessa viralização foi estimular mais pessoas a fazer o mesmo. Muita gente de muitas partes do Brasil me mandou mensagem agradecendo, falando que não tinha muito ideia de como deixar o processo menos traumático e que agora ficaram inspirados”, finaliza.

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